Favorito a se tornar chanceler da Alemanha não se comprometerá com nova meta de gastos da Otan
O líder da oposição alemã, Friedrich Merz, cotado para se tornar chanceler do país nas eleições do próximo mês, disse que a Alemanha gastaria mais em defesa, mas não se comprometeria com uma meta de gastos com defesa da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), conforme solicitado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Primeiro, temos que realmente atingir o limite inferior de 2% na Alemanha. Ainda não chegamos lá", disse Merz à emissora Bayerischer Rundfunk nesta quarta-feira, em resposta ao apelo de Trump para que os membros da Otan gastem 5% de seu produto interno bruto em defesa.
"As (metas) de 2%, 3% ou 5% são basicamente irrelevantes, o fator decisivo é que façamos o que for necessário para nos defendermos", disse Merz, líder da oposição democrata-cristã e favorito para suceder Olaf Scholz como chanceler da Alemanha.
Trump tem se queixado com frequência de que a maioria dos membros da Otan não está pagando sua parte justa e, durante a campanha eleitoral do ano passado, ele sugeriu exigir um aumento nas contribuições de defesa dos países da Otan. A aliança estimou que 23 de seus 32 membros cumpririam sua meta de gastar 2% do PIB com defesa em 2024.
Markus Soeder, líder do partido irmão dos democratas-cristãos na Baviera, a União Social Cristã (CSU), que tinha ambições de chanceler antes de ceder o lugar a Merz como candidato conservador, disse à emissora ntv/RTL que os gastos militares devem ser aumentados significativamente, para "bem mais de 3%".
A Alemanha só consegue cumprir a meta atual da Otan de 2% devido a um fundo especial, mas há incerteza sobre como manter esse nível de gastos quando o fundo se esgotar em 2028.
A pressão de Trump e de uma Rússia mais agressiva fez com que os gastos com defesa se tornassem uma questão fundamental de campanha antes das eleições parlamentares na Alemanha, marcadas para 23 de fevereiro, cerca de um mês após a posse de Trump.
Merz afirmou que a Alemanha pode cobrir futuros aumentos nos gastos com defesa sem um fundo especial, enquanto o Ministro da Economia alemão, Robert Habeck, candidato a chanceler pelos Verdes, disse na semana passada que a Alemanha deveria ter como meta 3,5%, o que, segundo ele, só poderia ser alcançado por meio de empréstimos.
Dirk Wiese, vice-líder do grupo parlamentar dos social-democratas de Scholz, disse à RTL/ntv que a exigência de Trump é uma "loucura completa".
Wiese também disse que não apoia a proposta de Habeck, fazendo eco a Scholz, que a chamou de "um tanto quanto mal feita".