França começa a negociar com 'coletes amarelos'
Movimento "gilets jaunes" chega à 3ª semana de protestos
O governo da França começou oficialmente nesta segunda-feira (3) a negociar com os líderes do movimento "gilets jaunes" (coletes amarelos, na tradução), que há três semanas promovem protestos pelo país contra o aumento no preço do combustível.
As manifestação já deixou três mortos e mais de 300 pessoas presas. Em um publicação ontem no jornal "Le Journal du Dimanche", os porta-vozes do movimento disseram, pela primeira vez, que estavam disponíveis ao diálogo.
O coletivo, no entanto, informou que recebeu "dezenas de ameaças de morte" desde que se abriu a uma negociação com o governo. De acordo com uma das promotoras da ala moderada dos "gilets jaunes" Jacline Mouraud, grupos de "jovens anarquistas manipulados" são contrários a "qualquer solução" e se opõem ao diálogo com o governo.
"Recebemos ligações durante a noite com ameaças de que 'sabiam morávamos'. Outros membros do grupo receberam ameaças contra os filhos", relatou Mouraud, que já notificou a polícia e solicitou proteção.
Uma pesquisa conduzida pelo instituto Harris Interactive para a rádio francesa RTL e para a emissora M6 apontou que 72% dos franceses apoiam o movimento dos coletes amarelos. No entanto, oito a cada 10 entrevistados desaprovam a violência nos protestos.
No sábado (1), na terceira grande manifestação dos "gilets jaunes", em Paris, desde 17 de novembro, mais de 300 pessoas foram presas e dezenas ficaram feridas nos confrontos. Ao todo, 136 mil manifestantes marcharam contra o governo.
O nome "gilets jaunes" faz referência ao colete amarelo que é item obrigatório de segurança nos automóveis da França. O protesto começou como forma de demonstrar descontentamento com o aumento do preço do combustível, mas também atrai críticos às políticas sociais e econômicas do presidente Emmanuel Macron.
Ontem, voltando da cúpula do G20, na Argentina, Macron desembarcou em Paris e foi visitar o Arco do Trunfo, palco do protesto de sábado e onde os manifestantes deixaram inscrições pedindo sua renúncia.
Enfraquecido politicamente, Macron optou por manter o silêncio e encarregar o primeiro-ministro Edouard Philippe de conduzir as negociações com os "gilets jaunes" e de se pronunciar ao Parlamento entre hoje e amanhã.