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França convoca embaixadora da Itália para explicações

Ministro Di Maio acusou Paris de explorar a África

21 jan 2019 - 15h47
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O Ministério das Relações Exteriores da França convocou nesta segunda-feira (21) a embaixadora da Itália em Paris, Teresa Castaldo, para dar explicações sobre as recentes declarações do vice-premier e ministro do Trabalho Luigi Di Maio, que acusou o país vizinho de "explorar" a África.

O presidente da França, Emmanuel Macron, já se envolveu em diversas polêmicas com ministros italianos
O presidente da França, Emmanuel Macron, já se envolveu em diversas polêmicas com ministros italianos
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Essa é a medida mais dura adotada pelo governo francês no âmbito da guerra retórica com Roma, que opõe o presidente liberal Emmanuel Macron aos vice-primeiros-ministros italianos, o ultranacionalista Matteo Salvini e o antissistema Di Maio.

"Essas declarações por parte de uma alta autoridade italiana são hostis e sem motivo, tendo em vista a parceria entre França e Itália na União Europeia", disse à ANSA uma fonte diplomática francesa. Segundo esse mesmo informante, as críticas da Itália devem ser "lidas em um contexto de política interna".

Em campanha para as eleições regionais de Abruzzo, em 10 de fevereiro, Di Maio disse no último domingo (20) que a França está "empobrecendo" a África e deveria sofrer "sanções" da União Europeia.

"Há dezenas de Estados africanos cujas moedas são impressas pela França, o franco das colônias, e essa moeda financia a dívida pública da França. Se as pessoas partem da África, é porque alguns países europeus, liderados pela França, nunca pararam de colonizar dezenas de Estados africanos", disse.

As declarações foram uma resposta a uma pergunta sobre a crise migratória no Mediterrâneo, que registrou duas tragédias no último fim de semana, totalizando mais de 150 mortos.

Impresso pelo Banco Central francês, o chamado "franco das colônias" tem câmbio fixo com o euro e é usado por 14 países africanos: Benin, Burkina Fasso, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Gabão, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Mali, Níger, República do Congo, República Centro-Africana, Senegal e Togo.

No entanto, das 10 nações que mais mandaram migrantes à Itália pela rota do Mediterrâneo Central em 2018, apenas duas usam o franco: Costa do Marfim e Mali, em oitavo e nono lugar, respectivamente. A lista é liderada pela Tunísia, no Magrebe, seguida pela Eritreia, ex-colônia italiana.

França e Itália já se envolveram em diversas polêmicas nos últimos meses, especialmente sobre a crise migratória, e o próprio Macron se descreveu como "adversário dos populistas" na UE.

Ansa - Brasil
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