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Fronteira entre Costa Rica e Panamá acumula 500 migrantes africanos parados

16 abr 2016 - 17h50
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O grupo de migrantes africanos parados na fronteira entre Costa Rica e Panamá chegou a 500 pessoas em pouco mais de 24 horas, informaram à Agência Efe fontes oficiais neste sábado.

Os primeiros que ficaram estagnados neste lugar, quando a Costa Rica tentou expulsá-los ao Panamá, somavam 220, segundo as autoridades costa-riquenhas, mas hoje superam as 500 pessoas, disse o comissário Nils Ching, da polícia da Costa Rica.

Wilson Cámara, um congolês que pretende chegar aos Estados Unidos, afirmou que podem ter 480 migrantes no limbo entre a Costa Rica e o Panamá.

O grupo há mais tempo no local, que após alcançar a fronteira com Nicarágua foi devolvido ao Panamá, já espera há 30 horas sem rumo, após as autoridades panamenhas negarem a entrada.

Os emigrantes que tentam chegar aos Estados Unidos, a maioria procedente da República do Congo, dormiram na rua cercados por uma fita amarela e também pela barreira de policiais costa-riquenhos que impedem qualquer movimento.

Do lado panamenho, policiais e oficiais do serviço de fronteiras também levantaram um muro que mantém o grupo fechado. Muitos dos migrantes optaram por pelo refúgio nos toldos de comércios informais da fronteira.

Carlos Herrera, chefe nacional de socorro da Cruz Vermelha costa-riquenha, disse à Agência Efe que desde a sexta-feira a instituição atendeu 24 pessoas, a maioria por problemas musculares e de pressão.

"A caminhada que fizeram dias atrás e a viagem que tiveram outra vez (da fronteira com Nicarágua) os levou a essa tensão de não saber o que os espera. As negociações não avançam e isso preocupa as pessoas, além de se refletir no organismo de alguma maneira", analisou Herrera.

A Cruz Vermelha contabiliza o grupo com 23 crianças e 19 mulheres grávidas em estado saudável. O organismo oferece um kit de alimentação básica para um dia, e em dias posteriores buscará dar "o mínimo para que possam se manter" no local, disse Herrera.

Igrejas e moradores da região também se aproximaram ao local para dar água e comida aos migrantes. Ching, da polícia costa-riquenha, garantiu a jornalistas que o governo dará assistência aos migrantes junto com a Cruz Vermelha do país para que o estado de saúde das pessoas não seja comprometido.

Segundo o policial, os migrantes tiveram acesso a banheiros do lugar, repleto de comércios, mas que mais "medidas devem ser tomadas no decorrer das horas".

"A comunidade prestou a devida colaboração para que a saúde não seja comprometida", admitiu.

Uma porta-voz da Defensoria Pública panamenha, Mónica Chavarría, presente no local, disse a jornalistas que o assunto preocupa a entidade.

A situação dos africanos e asiáticos complicou a relação fronteiriça entre Costa Rica e Panamá, já que 2.000 cubanos também aguardam do lado panamenho continuar sua viagem por terra em direção ao norte.

Na sexta-feira, o diretor de Migração do Panamá, Javier Carrillo, qualificou de "arbitrária" a decisão da Costa Rica de expulsar os migrantes para o Panamá.

"Essas pessoas não têm nenhum tipo de documento de viagem, nem nenhum visto de entrada ao Panamá para que fossem devolvidos ao país", disse.

O governo da Costa Rica argumentou que não permitirá a entrada de migrantes em condição irregular e que na medida do possível tomará as ações necessárias para rejeitar nas fronteiras os que tentarem entrar no país nessa condição.

Em comunicado, o governo costa-riquenho afirma que "não conta com as condições econômicas nem logísticas para voltar a instalar uma rede de albergues nem organizar um plano de atendimento e evacuação" de migrantes, como o que foi feito entre novembro e março com 8 mil cubanos que ficaram no país parados após o fechamento da fronteira nicaraguense.

Aos mais de 2 mil cubanos que aguardam perto da fronteira de Paso Canoas para atravessar à Costa Rica, há mais 1,5 mil que estão na cidade panamenha de Puerto Obaldía, perto da Colômbia, país pelo qual passa o fluxo após viajar de avião de Cuba à América do Sul.

Assim como os africanos e asiáticos, os cubanos buscam chegar aos Estados Unidos através da América Central e do México.

A crise migratória nesta região iniciou em novembro do ano passado, quando Nicarágua decidiu fechar a fronteira ao fluxo de migrantes cubanos por razões de segurança.

Posteriormente, a Costa Rica recebeu quase 8 mil migrantes e também decidiu fechar seu limite sul. Desse modo, o Panamá ficou como último destino antes de alcançar o topo do continente.

EFE   
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