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G20 pede mais diálogo após tensões comerciais

22 jul 2018 - 16h15
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Ministros de finanças e presidentes dos bancos centrais das maiores economias do mundo, reunidos na Argentina, disseram que o aumento nas tensões comerciais e geopolíticos põe em risco o crescimento global e pedem por maior diálogo, de acordo com o comunicado final do encontro.

As conversas deste fim de semana em Buenos Aires vieram em meio a uma escalada na retórica do conflito comercial entre os Estados Unidos e a China, as maiores economias do mundo, que até agora impuseram tarifas de 34 bilhões de dólares em bens uns dos outros.

O presidente dos EUA, Donald Trump, aumentou ainda mais a tensão na sexta-feira ao ameaçar tarifar todos os 500 bilhões de dólares de exportações chinesas para os Estados Unidos, a menos que Pequim concorde com grandes mudanças em sua política de transferência de tecnologia, subsídios industriais e joint ventures.

O comunicado observou que a economia global está crescendo e o desemprego se encontra em seu nível mais baixo em uma década, mas advertiu que o crescimento está se tornando menos sincronizado entre as principais economias e os riscos de curto e médio prazo aumentam.

"Isso inclui crescentes vulnerabilidades financeiras, maiores tensões comerciais e geopolíticas, desequilíbrios globais e desigualdade e crescimento estruturalmente fraco, especialmente em algumas economias avançadas", disse o comunicado.

Os ministros reafirmaram as conclusões dos líderes do G20 na mais recente cúpula em Hamburgo em julho passado, quando enfatizaram que o comércio é um motor do crescimento global e que os acordos comerciais multilaterais são importantes.

"Nós... reconhecemos a necessidade de intensificar o diálogo e as ações para mitigar riscos e aumentar a confiança", disse o comunicado.

"Estamos trabalhando para fortalecer a contribuição do comércio para nossas economias."

O texto mostra mais assertividade do que o comunicado emitido na reunião ministerial anterior, em março, que só havia observado que os líderes "reconhecem a necessidade de mais diálogo".

ALIADOS ENFURECIDOS

Trump irritou os aliados europeus ao impor tarifas de 25 por cento sobre a importação de aço e 10 por cento sobre o alumínio, levando a União Europeia a retaliar com tarifas similares as motocicletas da Harley-Davidson, o uísque bourbon da Kentucky e outros produtos.

Trump, que frequentemente critica as tarifas de 10 por cento sobre os automóveis na Europa, também está estudando a adição de uma taxa de 25 por cento sobre as importações automotivas, o que afetaria fortemente a Europa e o Japão.

"Estávamos em modo de escuta mútua e espero que este seja o começo de algo", disse o comissário europeu para assuntos econômicos e financeiros, Pierre Moscovici, a repórteres neste domingo, referindo-se às negociações do G20. "Mas ainda assim as posições não são semelhantes."

O secretário do Tesouro norte-americano, Steve Mnuchin, tentou usar a reunião para atrair a Europa e o Japão com a oferta de acordos de livre comércio, já que Washington tenta ganhar prestígio com seus aliados na disputa com a China.

No entanto, o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, rejeitou a proposta no sábado, dizendo que Washington deve abandonar suas tarifas antes que qualquer negociação possa começar.

O representante do Conselho Europeu no G20, Hubert Fuchs, adotou um tom mais cauteloso neste domingo, dizendo que a remoção de tarifas dos Estados Unidos não é uma pré-condição necessária para o início das negociações comerciais e que ele aceita a abordagem sincera adotada por Mnuchin na reunião.

"Até mesmo o (secretário do Tesouro) dos Estados Unidos diz que é a favor do comércio justo e livre, mas o problema é que os Estados Unidos compreendem algo diferente sobre um comércio justo e livre", disse ele.

O ministro das Finanças canadense, Bill Morneau, disse que Mnuchin expressou no fim de semana uma meta para todos os países do G7 "abandonarem todas as tarifas, barreiras não-tarifárias e subsídios", que Morneau caracterizou como uma "grande ideia" e um "objetivo ambicioso", mas difícil de executar.

O comunicado enfatizou que as reformas estruturais são necessárias para aumentar o crescimento e reafirmou os compromissos da reunião ministerial de março para evitar desvalorizações competitivas que poderiam ter efeitos adversos sobre a estabilidade financeira global.

O comunicado observou que as economias de mercado emergentes estão agora mais bem preparadas para se ajustar aos choques externos, mas ainda enfrentam desafios de volatilidade do mercado e reversões de fluxo de capital.

O dólar americano teve na sexta-feira sua maior queda em três semanas na comparação com as outras seis principais moedas globais, depois que Trump reclamou novamente sobre a força do dólar e sobre os aumentos das taxas de juros do Federal Reserve, o banco central norte-americano, interrompendo uma disputa que levou o dólar ao seu mais alto em um ano.

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