Governo mexicano concede asilo político a Evo Morales
O México concedeu asilo político a Evo Morales, agora ex-presidente da Bolívia, informou o ministro das Relações Exteriores mexicano, Marcelo Ebrard, na noite desta segunda-feira (11). Segundo o chanceler, citado pela imprensa local, a decisão foi tomada "por razões humanitárias e em virtude da situação de perigo que ele [Morales] enfrenta na Bolívia, onde sua vida e integridade estão em perigo".
Morales teria pedido proteção um dia depois de renunciar ao cargo de presidente na Bolívia, após ser pressionado pela oposição e militares. Até o momento, não há informação se o ex-líder boliviano já deixou o país. "Pedimos a criação de uma conduta segura para garantir a segurança e a vida de Morales e que sua integridade pessoal não esteja em perigo", acrescentou Ebrard, ressaltando que Morales aceitou a oferta do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.
O político mexicano ainda lembrou que a "América Latina testemunhou em sua história eventos infelizes e violentos em que a ordem democrática é quebrada, em inúmeras ocasiões com a participação de forças militares".
"Consideramos um golpe o que ocorreu [na Bolívia] ontem. É um golpe porque o Exército pediu a renúncia do presidente e isso violenta a ordem constitucional do país", afirmou Ebrard.
A notícia foi revelada poucas horas depois de a Organização dos Estados Americanos (OEA) convocar uma reunião especial para esta terça-feira (12), para discutir a crise na Bolívia. A sessão extraordinária, que acontecerá na sede da instituição em Washington, a partir das 15h (horário local), foi convocada a pedido de alguns países, como Brasil, Canadá, Estados Unidos, Peru, Venezuela, entre outros.
Carta de Renúncia
Nesta tarde, o Parlamento da Bolívia recebeu a carta com o pedido de renúncia de Morales à presidência. De acordo com o documento, divulgado pelo jornal El Deber, o ex-chefe de Estado boliviano tomou esta decisão devido a "um golpe de estado político cívico policial".
"Minha responsabilidade como presidente indígena e de todos os bolivianos é evitar que os golpistas sigam perseguindo meus irmãos e irmãs dirigentes sindicais, maltratando e sequestrando seus familiares, queimando casas de governadores, de parlamentares e de conselheiros", escreveu. Para Morales, "a ordem é resistir para amanhã voltar a lutar pela pátria. Nossa ação é e será defender as conquistas de nosso governo. Pátria ou morte!".
O texto será apreciado amanhã (12), às 11h30 (horário local), informou a segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, que reivindicou o direito de assumir à presidência da Bolívia interinamente, já que os sucessores de Morales também renunciaram. A Constituição Política estabelece que, "em caso de impedimento ou ausência definitiva" do chefe de Estado, a função será exercida pelo vice-presidente", Álvaro García, que também entregou o cargo. Os dois seguintes na linha sucessória seriam os mandatários do Senado, Adriana Salvatierra, e da Câmara, Victor Borda, porém ambos se juntaram a Morales e renunciaram a seus postos.