Governo Milei derruba sigilo de documentos da ditadura militar
Assessor de presidente voltou a questionar nº de desaparecidos
O governo ultraliberal de Javier Milei anunciou nesta segunda-feira (24) a suspensão do sigilo dos arquivos de inteligência entre 1976 e 1983 referentes à ditadura militar no país, a qual deixou cerca de 30 mil desaparecidos, segundo órgãos defensores dos direitos humanos. A decisão é tomada no dia em que milhares de manifestantes se reúnem na emblemática Praça de Maio, em Buenos Aires, para celebrar o "Dia Nacional da Memória", que recorda os crimes cometidos pela ditadura militar no 49º aniversário do golpe.
"O presidente instruiu a quebra do sigilo total de toda a informação e documentação vinculadas às Forças Armadas durante o período de 1976 e 1983, assim como qualquer documentação produzida em outro período mas vinculada ao acionar das forças", anunciou o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.
Segundo a administração de Milei, a iniciativa tem como objetivo "garantir uma comemoração baseada na transparência e na liberdade de opinião".
O anúncio do governo sobre a desclassificação foi precedido pela publicação de um vídeo oficial pedindo um "registro completo" dos eventos das décadas de 1970 e início de 1980, incluindo crimes cometidos por guerrilheiros de esquerda.
Na gravação, o ideólogo ultraliberal Agustín Laje, um dos assessores mais próximos de Milei, voltou a contestar ? como já havia feito por ocasião da comemoração anterior ? o número de 30 mil "desaparecidos", denunciado em geral por organizações de direitos humanos como as "Mães da Praça de Maio". .