Guerra na Ucrânia: ucranianos são retirados de usina e cerco sangrento a Mariupol chega ao fim com vitória russa
Ainda não se sabe ao certo quantas pessoas ainda estão sitiadas em bunkers sob complexo industrial, mas governo ucraniano prometeu resgatá-las.
O último bastião de resistência ucraniana na cidade de Mariupol foi derrotado — e as tropas russas conseguiram declarar que agora controlam totalmente a cidade.
Há dois meses, centenas de combatentes ucranianos estavam encurralados dentro da siderúrgica Azovstal. O resto da cidade já estava sob controle russo, após uma incursão sangrenta, que matou milhares de ucranianos.
Nesta terça-feira (17/5), a Ucrânia confirmou que seus combatentes em Azovstal foram evacuados.
A vice-ministra da Defesa, Hanna Maliar, disse que 53 soldados gravemente feridos foram levados para a cidade de Novoazovsk, dominada por rebeldes apoiados pela Rússia. Outros 211 foram evacuados usando um corredor humanitário para Olenivka, outra cidade controlada pelos rebeldes.
Representantes da Rússia haviam dito anteriormente que um acordo tinha sido feito para retirar da siderúrgica combatentes feridos. Cerca de uma dúzia de ônibus transportando combatentes ucranianos que estavam escondidos sob a siderúrgica sitiada foram vistos deixando o local na noite de segunda-feira (16/5), informou a agência de notícias Reuters.
Os meios de comunicação estatais russos também publicaram imagens do que dizem serem soldados ucranianos feridos sendo evacuados de Azovstal. Maliar afirmou que, segundo o acordo feito, as tropas resgatadas seriam trocadas por soldados russos capturados.
'Missão cumprida'
Em um discurso em vídeo veiculado após a meia-noite de terça-feira no horário local, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que militares ucranianos, serviços de inteligência e equipes de negociação, bem como a Cruz Vermelha e as Nações Unidas estiveram envolvidos na operação de evacuação.
"A Ucrânia precisa de seus heróis vivos", disse ele.
Centenas de combatentes ucranianos — do batalhão Azov, da Guarda Nacional, da polícia e das unidades de defesa territorial — e vários civis estão escondidos na siderúrgica desde que as tropas russas cercaram Mariupol no início de março.
Ainda não se sabe ao certo quantas pessoas permanecem em bunkers subterrâneos. Maliar disse que o governo ucraniano, militares e serviços de inteligência estão "realizando esforços conjuntos para salvar" os que ficaram para trás.
Apesar da derrota militar para os russos, as Forças Armadas da Ucrânia afirmaram em comunicado que "a guarnição 'Mariupol' cumpriu sua missão de combate".
"O comando militar supremo ordenou aos comandantes das unidades estacionadas em Azovstal que salvassem a vida do pessoal. Os defensores de Mariupol são os nossos heróis", diz a nota.
Símbolo da resistência
A siderúrgica Azovstal havia se tornado um símbolo da resistência ucraniana contra a invasão da Rússia.
A cidade portuária, que está estrategicamente localizada no Mar de Azov, sofreu bombardeio maciço das forças russas no início da invasão.
Tomar a cidade permite que os russos criem uma ponte terrestre entre a Crimeia e a região de Donbas, além de dar à Rússia o controle total de mais de 80% da costa do Mar Negro da Ucrânia.
A Ucrânia diz que o bombardeio russo e o cerco à cidade mataram dezenas de milhares de pessoas, com relatos de corpos caídos nas ruas. Moscou nega ter alvejado civis. Atingida com artilharia, foguetes e mísseis, 90% da cidade foi danificada ou destruída, dizem autoridades ucranianas.
Apenas Azovstal ainda resistia.
Os ucranianos na usina diziam que estavam "ganhando tempo" para o resto da Ucrânia combater as forças russas e receber mais armas ocidentais necessárias para resistir ao ataque da Rússia.
Até 10 dias atrás, também havia centenas de civis abrigados na siderúrgica, com falta de comida, água e remédios.
Em uma operação que durou cerca de uma semana e terminou em 7 de maio, ucanianos conseguiram evacuar mulheres, crianças e idosos que estavam na siderúrgica há mais de um mês, com ajuda da ONU e da Cruz Vermelha.
Muitos combatentes que permaneciam lá haviam jurado que morreriam lutando em vez de se render.