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Hackers atacam e paralisam ajuda a trabalhadores na Itália

Na Itália e na França, os alvos são os sistema de previdência e os hospitais; Camorra oferece cestas básicas

3 abr 2020 - 08h17
(atualizado às 08h17)
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Em meio à corrida pelo bônus de 600 euros, que sobrecarregou o site do instituto de previdência Itália, o INPS, hackers fizeram três assaltos em um dia, colocando o endereço fora de serviço. O instituto recebeu em um único dia 440 mil pedidos de pagamento para trabalhadores autônomos do bônus concedido pelo governo italiano em razão da crise causada pela pandemia de covid-19.

O governo italiano informou que os pedidos feitos na quarta-feira, dia 1º de abril, não precisarão ser refeitos. O INPS informou ainda que, apesar do caos, o site é seguro. Para regular o movimento no site, o horário de acesso foi escalonado: das 8 horas às 16 horas devem acessar o site os patrões, os comerciantes e o pessoal de recursos humanos de empresas; das 16 horas às 0 hora é a vez dos cidadãos comuns. Os pagamentos começarão no dia 15 de abril.

O site do INPS ficou fechado no dia 1.º das 12h30 às 17h30. De acordo com o governo italiano "os hackers não roubaram nada, queriam apenas testar o site e criar confusão. Compramos novos servidores, mas nenhum site no mundo pode lidar com 5 milhões de acessos simultâneos."

13/05/2017
REUTERS/Kacper Pempel/Illustration
13/05/2017 REUTERS/Kacper Pempel/Illustration
Foto: Reuters

A procuradoria da República, em Roma, abriu investigação por invasão telemática. Ela deve ficar à cargo do procurador Michele Prestipino. Além do INPS, também foi vítima dos hackers o hospital Sapallanzani, em Roma, onde funciona o Instituto nacional de Doenças Infecciosas. "Trata-se de um ataque de matriz criminosa", informou o Núcleo de Segurança Cibernética do governo.

"Antes do ataque dos hackers, havíamos já recebido 350 mil pedidos de pagamento. As autoridade competentes estão investigando Nos últimos dias sofremos uma série de ataques de informáticos: é como se de diversos pontos do planeta partissem ao mesmo milhões de pedidos", explicou Gabriella Di Michele, diretora do INPS ao Corriere della Sera. Ela completou: "Não sabemos o que está acontecendo, mas denunciamos o caso."

França

Na França, o setor de Saúde - hospitais, farmácias e asilos de idosos - estão sendo vítimas de organizações criminosas e golpes maciços. De acordo com o jornal Le Monde, os "escroques se adaptaram rapidamente à epidemia da covid-19". Duas semanas depois do início do confinamento decretado pelo governo de Emmanuel Macron para deter o coronavírus, o Escritório Central para a Repressão da Grande Delinquência Financeira (OCRGDF) constatou que as atividades de quadrilhas especializadas em golpes ligados à transferência de dinheiro dos bancos se mudaram rapidamente para os temas médicos.

Entre as vítimas dos bandidos estão hospitais públicos e estabelecimentos de abrigo para pessoas idosas e dependentes , os Ehpads. O golpe é quase sempre o mesmo. O bandido contata seu alvo se fazendo passar por um fornecedor habitual e diz ter recebido uma entrega de máscaras de proteção ou de frascos de álcool gel e os incentiva a fazer o pedido rapidamente antes que o estoque acabe. Eles fornecessem dados bancários e o dinheiro, uma vez depositado, passa a circular em dezenas de contas no exterior.

A polícia francesa já sabe que a maioria dos golpistas opera no exterior e utilizam contas no Leste Europeu e na China para tornar mais opaco o percurso do dinheiro. Os golpistas usam ainda sites de empresas fantasmas. A polícia francesa já reuniu várias dezenas de casos tentados nas duas últimas semanas. "Cuidado com os sites que pedem seu número de cartão de crédito para que o Estado o identifique", alertou o governo francês.

Camorra

Na Itália, o procurador nacional Antimáfia, Federico Cafiero de Raho, está investigando um vídeo divulgado por clãs ligados à Camorra, a máfia da região de Nápoles, que oferece serviços, como entrega de mantimentos em casa. "Estão oferecendo cestas básicas", afirmou ao Corriere della Sera. Issos seria uma estratégia das chamadas cosches, os grupos nos quais se divide a Camorra, para alargar o apoio social, fazer proselitismo.

No caso das empresas, as máfias estão se comportando como banco, colocando o dinheiro à disposição de quem precisa de crédito."Em um momento de emergência nacional, em que a economia está suspensa, o maior perigo é que as empresas em crise não consigam sair dela e as máfias comecem a pescar nesse aquário." De acordo com ele, a tráfico internacional de drogas desacelerou, mas não parou, assim como a venda nas ruas. "Vão começar a vender droga nas filas dos supermercados ou nas farmácias. Basta disfarçar-se", disse Raho.

Estadão
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