Helicóptero de presidente iraniano pode ter ficado quase 40 anos sem peças de manutenção
Modelo Bell 212 é fabricado pelos Estados Unidos, que já aplicou sanções à nação islâmica
Imprensa local especula que helicóptero de presidente iraniano pode ter ficado sem peças de manutenção por décadas.
O helicóptero que caiu neste domingo, 19, matando o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e outras três pessoas, era um modelo Bell 212, conforme informou a mídia estatal iraniana. Segundo a imprensa local, há suspeitas de que a aeronave não recebia peças para manutenção desde 1986.
De acordo com a Reuters, este modelo de duas pás e bimotor é utilizado por diversos governos ao redor do mundo. A empresa norte-americana Bell Helicopter, hoje conhecida como Bell Textron, desenvolveu esta aeronave para militares canadenses no final dos anos 1960.
Na década seguinte, o helicóptero passou a ser bastante utilizado em especial pelos Estados Unidos e Canadá. A aeronave é uma versão civil do UH-1N Twin Huey, utilizado na Guerra do Vietnã.
O Bell 212 foi concebido para ser adaptável a todos os tipos de situações, incluindo transporte de pessoas e de carga e para atuações de combate a incêndios. O modelo iraniano que caiu no domingo poderia transportar até 15 pessoas, incluindo a tripulação.
Na década de 1980, o Irã comprou unidades desse modelo, quando o então comandante do país, Mohammad Reza Pahlavi, mantinha um bom relacionamento com os Estados Unidos. Com a Revolução Islâmica de 1979 e as sanções aplicadas pelos norte-americanos, o Irã começou a ter dificuldades para adquirir peças para helicópteros criados pelos Estados Unidos.
Ainda segundo a Reuters, especialistas disseram que há poucas informações disponíveis sobre o helicóptero envolvido no acidente. No entanto, os detalhes encontrados até agora sugerem que a aeronave possa ter entre 40 e 50 anos.
Antes da queda do helicóptero do presidente iraniano, o acidente fatal mais recente de um Bell 212 havia ocorrido em setembro de 2023. Uma aeronave de operação privada caiu na costa dos Emirados Árabes Unidos, de acordo com a Flight Safety Foundation, uma organização sem fins lucrativos focada na segurança da aviação.
Como a queda do helicóptero de Raisi foi de um voo estatal doméstico, o acidente não se enquadraria nas regras globais para investigações de acidentes aéreos.