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Homem declarado com morte cerebral acorda momentos antes de cirurgia para retirada de órgãos

TJ era doador de órgãos e, com seu quadro considerado irreversível, sua família concordou em honrar seu desejo

2 nov 2024 - 07h32
(atualizado às 09h44)
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Anthony Hoover acordou no hospital quando estava sendo preparado para passar por uma cirurgia de retirada de órgãos
Anthony Hoover acordou no hospital quando estava sendo preparado para passar por uma cirurgia de retirada de órgãos
Foto: Canva Fotos / Perfil Brasil

Há três anos, Anthony Hoover, de 33 anos, acordou inesperadamente em um hospital no Kentucky, nos Estados Unidos, onde foi surpreendido por pessoas preparando seu corpo para a retirada de órgãos. Conhecido como TJ, ele estava internado após uma overdose, e os médicos já haviam comunicado à família que seu estado era crítico: ele não apresentava reflexos e seus olhos permaneciam sem resposta. Segundo sua irmã, Donna Rhorer, em entrevista à CNN, a equipe médica chegou à conclusão de que TJ sofrera "morte cerebral", informação registrada oficialmente em seus documentos médicos. Com esse diagnóstico, o hospital se preparava para desligar o suporte de vida.

TJ era doador de órgãos e, com seu quadro considerado irreversível, sua família concordou em honrar seu desejo. Uma organização chamada Kentucky Organ Donor Affiliates (Koda) informou aos parentes sobre o impacto que a doação de seus órgãos poderia ter em outras vidas. A família decidiu autorizar o procedimento, acreditando que estava atendendo a um último pedido do próprio TJ.

TJ desperta no centro cirúrgico antes da retirada de órgãos

No dia 29 de outubro de 2021, TJ foi levado ao centro cirúrgico para uma intervenção que deveria durar cerca de cinco horas. Menos de duas horas depois, um membro da equipe médica informou à família que ele havia despertado. "Ele não está pronto", disseram os profissionais. "Ele acordou." Para os parentes, o episódio foi um verdadeiro milagre. No entanto, alguns ex-funcionários da Koda classificaram o caso como um "desastre", afirmando que TJ, que chegou a fazer contato visual e a resistir fisicamente à preparação cirúrgica, nunca deveria ter sido conduzido àquela sala de cirurgia. Para eles, foi uma situação de falha ética e médica com potencial fatal.

O hospital Baptist Health, de Richmond, assim como a Koda, atualmente chamada Network for Hope após uma fusão, recusaram dar entrevista à CNN. Em comunicado, o hospital afirmou que "a segurança de nossos pacientes é sempre nossa maior prioridade. Trabalhamos em estreita colaboração com nossos pacientes e suas famílias para garantir que seus desejos para doação de órgãos sejam atendidos". A Koda, por sua vez, declarou que revisou o caso e que "permanece confiante de que as práticas aceitas e os protocolos aprovados foram seguidos", apontando que o episódio foi "representado de forma imprecisa" e que algumas das pessoas fazendo críticas "nunca estiveram envolvidas com este caso".

As circunstâncias em torno do episódio levaram o procurador-geral do Kentucky a abrir uma investigação para verificar se cabe alguma acusação criminal no caso. Em nível federal, tanto a Health Resources and Services Administration quanto a Organ Procurement and Transplantation Network estão conduzindo uma análise detalhada da ocorrência. Além disso, um subcomitê bipartidário de supervisão e investigação do Congresso dos EUA também está investigando o incidente.

Para críticos do sistema de doação de órgãos dos Estados Unidos, a experiência de TJ evidencia problemas estruturais que demandam revisão urgente. Segundo esses especialistas, se o sistema não passar por reformas e receber fiscalização mais rigorosa, o risco de situações como essa se repetir é grande - e nem todos os pacientes terão a mesma sorte de sobreviver.

Perfil Brasil
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