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Homem que perdeu família na Ucrânia soube de mortes por Twitter

Perebyinis contou sua trágica história ao 'New York Times'

10 mar 2022 - 13h28
(atualizado às 13h40)
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O ucraniano Serhiy Perebyinis viu sua vida mudar drasticamente ao saber da morte de sua esposa, Tetiana, 43 anos, e seus dois filhos, Mykita, 18, e Alisa, 9, por meio de postagens no Twitter. A família ficou imortalizada em uma foto publicada pelo jornal "The New York Times" após um ataque russo na cidade de Irpin no último domingo (6).

Família de Serhiy morreu após queda de morteiro russo
Família de Serhiy morreu após queda de morteiro russo
Foto: EPA / Ansa - Brasil

"Minha família inteira morreu no que vocês [russos] chamam de operação especial e nós chamamos de guerra. Vocês podem fazer o que quiserem comigo. Não tenho mais nada a perder. Perdi tudo", disse Perebyinis ao jornal, onde contou sua vida e o que ocorreu naquele fatídico dia.

O programador de informática e sua família viviam em Irpin desde 2014, quando fugiu do início do conflito em Donetsk - área que foi reconhecida por Moscou como uma "república independente" em 22 de fevereiro. Não tinham problemas financeiros, a esposa era diretora de uma contabilidade ucraniana, e viviam uma vida sem grandes problemas com seus dois cachorros.

No entanto, pouco antes do ataque da Rússia ser iniciado em 24 de fevereiro, Serhiy voltou para Donetsk para cuidar da sua mãe, que sofre do Mal de Alzheimer. Tetiana, com quem era casado desde 2001, e os filhos permaneceram em sua rotina em Irpin.

No segundo dia da invasão, uma bomba atingiu a casa onde eles moravam e decidiram que era hora de fugir. Na manhã seguinte ao ataque, eles tentaram fugir de carro, mas viram um tanque russo e decidiram esperar. No domingo (27), conseguiram se unir aos pais de Tetiana e foram a um local gerido por uma igreja. Mas, precisaram deixar o carro para trás.

Eles conseguiram fugir a pé dia após dia e tinham com destino Kiev, de onde partiriam de trem para outro país.

Serhiy contou ao "NYT" ainda a última conversa que teve com a esposa. "Me perdoa porque não pude estar aí para proteger vocês", disse o marido. "Não se preocupe, nós vamos conseguir fazer isso", respondeu Tetiana.

No dia em que falecerem, os três eram ajudados pelo voluntário da igreja Anatoly Berezhnyi, 26 anos, e os quatro conseguiram atravessar os restos de uma ponta danificada. Eles estavam em uma área que deveria ser um corredor humanitário seguro para a fuga de civis na hora que um morteiro russo atingiu um local próximo e todos morreram imediatamente.

Depois dessa conversa, o ucraniano contou que tentou contato novamente por celular com os familiares, mas não teve sucesso. Então, decidiu ir para as redes sociais para ver se conseguia a comunicação.

Serhiy conta que logo viu a foto de quatro pessoas de uma família morta - nas primeiras notícias, acreditava-se que o voluntário era o marido de Tetiana. Ao lado, via-se duas malas, uma azul e cinza, e algumas mochilas. Ele conta que viu que uma das bolsas estava aberta e reconheceu uma camisa de criança rosa e algumas peças esportivas e entrou em choque: era a sua família.

"O mundo inteiro precisa saber o que está acontecendo de verdade aqui", disse ao jornal, contando que conseguiu voltar para Kiev por meio de um trem que pegou da Rússia para onde conseguiu fugir de Donetsk.

Pouco antes da entrevista, Serhiy tinha ido em suas redes sociais para revelar a identidade da "família da foto". Na postagem, ele ainda revelou que um dos cães da família, que tinha sobrevivido ao primeiro ataque, também morreu junto com a família.

"Infelizmente o meu bom amigo voou para ficar com eles agora. 11 anos de emoções que você nos deu. Havia esperança de que pelo menos alguém ficasse aqui, mas vamos todos", escreveu.

O ucraniano ainda agradeceu ao jornalista que foi fotografado com o cachorrinho no colo e que o levou até um veterinário. O animal teve uma perna amputada por causa da explosão, mas morreu pouco depois da cirurgia. "Obrigado ao jornalista que mostrou humanidade", disse ainda. .

Ansa - Brasil
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