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Honduras fecha 2009 com presidente deposto, interino e eleito

14 dez 2009 - 15h09
(atualizado às 15h24)
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Honduras fechou o ano de 2009 com três presidentes, o deposto Manuel Zelaya; o interino Roberto Micheletti, e o eleito Porfirio Lobo, que assumirá o poder em janeiro de 2010.

Esta situação insólita teve sua origem no golpe de Estado contra Manuel Zelaya, que foi enviado pelos militares à Costa Rica, no dia 28 de junho, e foi substituído imediatamente por Micheletti, que era presidente do Legislativo e pertence ao mesmo partido do então governante.

Zelaya ainda tinha sete meses para o término de seu mandato de quatro anos quando foi deposto por promover uma consulta orientada a reformar a Constituição, apesar de uma lei que a proibia.

O terceiro presidente é Porfirio Lobo, vencedor das eleições gerais de 29 de novembro por grande maioria e que foi vice de Zelaya.

O golpe de Estado contra Zelaya levou Honduras a uma grave crise política, social e econômica, além do isolamento internacional e a suspensão do Sistema Interamericano.

No dia 4 de julho, Honduras foi suspensa da Organização dos Estados Americanos (OEA), que não enviou observadores às eleições de novembro, processo que só alguns países do continente respaldaram.

No plano social, a derrocada de Zelaya provocou uma profunda polarização, ao extremo de dividir famílias, amigos e outros grupos sociais a favor ou contra o golpe de Estado.

A situação levou ao surgimento da Frente Nacional contra o golpe de Estado, composta em sua maioria por setores populares e dirigido por Juan Barahona como secretário-geral.

A frente manteve seus protestos nas ruas e realizou plantões em frente ao Parlamento e outras praças até 2 de dezembro, quando o legislativo ratificou o decreto que depôs o governante.

Zelaya, que desde o dia do golpe esteve no exílio, retornou de maneira inesperada ao país em 21 de setembro, refugiando-se na Embaixada do Brasil, de onde continuou insistindo em sua restituição.

Entre o dia do golpe de Estado e 30 de novembro foram registradas oficialmente cinco mortes em fatos relacionados com a crise política, embora organismos defensores dos direitos digam que pelo menos 20 pessoas perderam suas vidas em situações não esclarecidas.

Além disso, denunciaram a detenção de centenas de pessoas, torturas e outras violações de direitos humanos contra seguidores de Zelaya.

A permanência de Zelaya na Embaixada do Brasil acabou não ajudando em sua tentativa de voltar ao poder, enquanto avançava o processo eleitoral que foi concluído com o pleito de 29 de novembro.

A mediação do presidente da Costa Rica, Óscar Arias, e o Acordo Tegucigalpa-San José, acompanhado pela OEA, também não possibilitaram o retorno do presidente deposto ao poder.

O próprio Zelaya considerou o acordo um fracasso, após a não instalação de um Gabinete de unidade em 5 de novembro, assinalada pelo documento.

No começo de dezembro, o Parlamento ratificou por grande maioria o decreto que aprovou em junho para destituir Zelaya, que culpou os Estados Unidos de assumir "uma posição ambígua em relação ao golpe", segundo disse à Agência Efe.

A crise política iniciada em 28 de junho afundou ainda mais a economia de Honduras, com um panorama de déficit, redução das reservas internacionais e eliminação de postos de trabalho.

Fontes do campo econômico e dirigentes empresariais assinalam que a economia de Honduras sofre uma queda de aproximadamente 11% nas remessas familiares dos emigrantes, sua principal fonte de divisas.

Essa queda obedece a crise internacional, principalmente nos Estados Unidos, país que foi o principal mercado das modestas exportações hondurenhas.

Segundo o Banco Central de Honduras, as remessas, que somaram US$ 2,694 bilhões em 2008, eram de US$ 2,137 bilhões em 19 de novembro.

O golpe de Estado contra Zelaya também evidenciou a fraca democracia de Honduras, à qual o país tinha retornado em 1982 após quase duas décadas de regimes militares.

EFE   
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