'Igreja tem consciência da gravidade dos abusos', diz Papa
Francisco, porém, alertou para riscos de pedofilia na web
O papa Francisco admitiu nesta quinta-feira (14) que a Igreja Católica tem "consciência da gravidade dos abusos sexuais" contra menores de idade. "Nas últimas décadas, a Igreja Católica, após as dramáticas experiências vividas em seu interior, conquistou uma viva consciência da gravidade dos abusos sexuais contra menores e das suas consequências, o sofrimento que provocam, a urgência de curar as feridas, de combater com máxima decisão estes crimes e de criar métodos eficazes de prevenção", disse Jorge Mario Bergoglio.
A declaração foi dada durante o congresso "Promoting Digital Child Dignity" (Promovendo a Dignidade Infantil Digital, na tradução livre), que ocorre hoje e amanhã, no Vaticano. O evento reúne representantes civis e religiosos de vários países, como o grande imã de Al-Azhar, Ahmed Al-Tayeb, a rainha Silvia da Suécia e o príncipe jordano Bin Zayed al Nahyan, e discute os avanços tecnológicos e os impactos entre jovens e crianças. "Estamos, de fato, diante de questões cruciais colocada ao futuro da humanidade pelo vertiginoso desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação", disse o Papa.
De acordo com Francisco, o avanço dessas tecnologias abrem novas possibilidades para os menores de idade, "principalmente os que vivem distantes dos centros urbanos", mas, ao mesmo tempo, também abrem caminho para crimes digitais e para a pedofilia na web. "O uso da tecnologia digital para organizar e cometer abusos contra menores, à distância, até fora das fronteiras nacionais, está em rápido crescimento, e parece dificílimo combater esses crimes horríveis, que vão além da capacidade e dos recursos das instituições e das forças de segurança", alertou o Papa. "A condenação moral [dos crimes] deve se traduzir em iniciativas concretas e urgentes. Quanto mais o tempo passa, pior, mais radicado e difícil fica para combater", ressaltou.
Como sugestão, o Papa pediu que as empresas de telefonia móvel criem mecanismos para verificar a idade dos usuários. "Como hoje em dia as crianças usam muito o celular, os filtros aplicados em computadores ficaram ineficazes", comentou, citando u estudos que "dizem que a média de idade do primeiro acesso à pornografia é atualmente em 11 anos". "É preciso, portanto, encontrar um equilíbrio adequado entre o exercício legítimo da liberdade de expressão e o interesse social para assegurar que os meios digitais não sejam utilizados para cometer atividades criminosas e danos aos menores", reforçou Francisco.