Imigrantes retirados de suas residências nos EUA relatam abusos
Informantes têm ajudado latinos a saberem onde estão ocorrendo batidas policiais
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assumiu seu segundo mandato no dia 20 de janeiro e, desde então, tem imposto ações rígidas aos imigrantes ilegais no país. Em mais de 21 medidas, o chefe do Executivo reformulou o sistema de imigração e liberou a prisão destas pessoas em locais como igrejas, escolas e clínicas, por exemplo.
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Entre esses imigrantes estão centenas de brasileiros que têm retornado ao Brasil depois que as imposições apertaram. O brasileiro Edgar da Silva Moura, técnico de computação deportado após um período trabalhando no país, contou à AFPTV sua experiência dentro do avião com destino ao Brasil.
"A gente foi amarrado, com algemas nos pulsos, na cintura e nas pernas. Não tinha comida, não tinha água dentro do avião, estava muito quente, e tinha crianças dentro da aeronave. A gente pedia para ir ao banheiro e eles não deixavam", disse.
Os imigrantes que ainda permanecem no país têm sido retirados de suas casas em situações desumanas. De acordo com o jornal colombiano El Tiempo, agentes da Patrulha de Fronteira invadiram casas de colombianos, mexicanos e hondurenhos, para os levarem algemados.
Alguns usavam chinelos de dedo quando precisaram deixar suas casas, sob uma temperatura de 9ºC. "Nos deram uma sacola para colocar o que pudemos tirar, mas alguns tiveram seus pertences jogados fora", disse um dos deportados ao El Tiempo.
O governo Trump impôs cota diária de prisões. Após retaliações, a Colômbia autorizou que três aviões com deportados aterrissassem no país depois que chegou a um acordo com os EUA. Além de imigrantes ilegais, há relatos de que cidadãos com vistos de turista, de trabalho e outros que foram detidos e obrigados a prestarem depoimento em vários aeroportos -- a maioria foi autorizada a entrar no país.
Informantes têm usado canais de grupos latinos para alertar imigrantes sobre batidas policiais. "De Lake Elsinore, Murrieta e Temecula [Califórnia] há patrulhas de imigração pelas vias 15 e 215, especialmente nas saídas", disse uma mensagem obtida pelo El Tiempo.
A Patrulha da Fronteira dos EUA e agentes do ICE têm expandido suas operações em estacionamentos, postos de gasolina e ruas em volta de escolas. Nos últimos dias, o número de presos passou de 1.200 para 1.500 por dia.
Por meio X (antigo Twitter), um professor da Escola Northside, no Texas, informou que sua sala de aula tem diversos alunos que estão no 10º e 11º que não sabem falar inglês. Ele convidou os policiais a realizarem uma batida no local. O perfil com nome de usuário @HookEm232 foi restrito após diversas reclamações.
"Todos deveriam vir para Fort Worth, no Texas, para a Escola Northside. Tenho muitos alunos que nem sequer falam inglês e estão entre o segundo e terceiro ano do ensino médio. Eles têm que se comunicas por meio do tradutor do Iphone", escreveu.