Indicado de Trump à Suprema Corte e acusadora estão dispostos a depor sobre alegação de assédio sexual
Brett Kavanaugh, indicado à Suprema Corte pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e uma mulher que o acusa de assediá-la sexualmente em 1982 se prontificaram nesta segunda-feira a depor diante de uma comissão do Senado, ainda que o indicado tenha negado novamente a acusação.
O senador republicano Chuck Grassley, presidente do Comitê Judiciário do Senado que está supervisionando a nomeação, disse que Christine Blasey Ford, uma professora universitária da Califórnia que fez a acusação, "merece ser ouvida".
Grassley e alguns outros senadores republicanos sêniores não chegaram a pedir uma audiência pública ou para atrasar a votação na comissão, marcada para quinta-feira, sobre a nomeação de Kavanaugh. No entanto, moderados em ambos os partidos, incluindo a senadora republicana Susan Collins e o senador democrata Joe Manchin disseram que Kavanaugh e Ford devem ter a chance de depor perante a comissão, uma medida que pode atrasar o processo de confirmação.
Ford acusou Kavanaugh, um juiz conservador de um tribunal de recursos escolhido por Trump para uma vaga vitalícia na corte mais alta dos Estados Unidos, de tentar atacá-la e despi-la enquanto bêbado em 1982 em um subúrbio de Maryland, fora de Washington, quando eles cursavam diferentes escolas de Ensino Médio.
Em um dia de acontecimentos rápidos, todos os 10 integrantes democratas do Comitê Judiciário do Senado, que está supervisionando o processo de confirmação de Kavanaugh, enviaram uma carta pedindo que a votação marcada para quinta-feira seja adiada para que o FBI possa investigar a alegação.
Em entrevistas veiculadas por redes de televisão na manhã desta segunda-feira, Debra Katz, advogada de Christine, disse que sua cliente gostaria de falar publicamente. Indagada se isso incluiria um depoimento sob juramento em uma audiência pública com senadores, Debra respondeu no programa "This Morning", da CBS: "Ela está disposta a fazer o que precisa fazer."
Republicanos, correligionários do presidente Donald Trump, controlam o Senado por apenas uma pequena margem, o que significa que qualquer deserção pode impedir a nomeação e representar um grande revés para Trump, que tem estado engajado desde que se tornou presidente em um esforço, bem-sucedido até o momento, para levar a Suprema Corte e o setor judiciário federal mais à direita.
Trump escolheu Kavanaugh para substituir o juiz aposentado Anthony Kennedy, um conservador que às vezes se unia à ala liberal da corte. Sem Kennedy no tribunal, os julgamentos ficam empatados em 4 x 4 entre liberais e conservadores.
"COMPLETAMENTE FALSA"
"Essa é uma alegação completamente falsa. Nunca fiz nada como o que a acusadora descreve --a ela ou a qualquer outra", disse Kavanaugh em comunicado emitido pela Casa Branca.
"Como isso nunca aconteceu, eu não tinha a menor ideia de quem estava fazendo essa acusação até ela se identificar ontem", acrescentou Kavanaugh, que disse que está disposto a falar ao Comitê Judiciário em qualquer modo que for julgado apropriado "para refutar essa acusação falsa, de 36 anos atrás, e defender minha integridade".
O senador republicano Orrin Hatch, membro do Comitê Judiciário, disse que falou com Kavanaugh na segunda-feira e relembrou que o indicado disse a ele que nem estava na festa onde o ataque teria supostamente ocorrido.
"O juiz, que eu conheço muito, muito bem, é um homem honesto, então isso não aconteceu", disse Hatch.
"Essa é uma acusação grave. Ela precisa ser investigada. Nós precisamos ter audiências", acrescentou Hatch.