Irã ameaça reduzir cooperação com agência nuclear após medidas dos EUA
O Irã pode reduzir sua cooperação com a agência reguladora nuclear da Organização das Nações Unidas, disse o presidente Hassan Rouhani ao chefe do órgão, depois de ter alertado o presidente dos EUA, Donald Trump, das "consequências" de novas sanções contra as vendas de petróleo iranianas.
Os EUA se retiraram em maio de um acordo multinacional que suspendeu sanções contra o Irã em troca de limites ao seu programa nuclear, verificados pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Desde então Washington disse a países que eles precisam interromper todas as importações de petróleo iraniano a partir de 4 de novembro ou enfrentar medidas financeiras -sem exceções.
"As atividades nucleares do Irã sempre tiveram intenções pacíficas, mas é o Irã que decidiria o seu nível de cooperação com a AIEA", informou a agência de notícias estatal iraniana IRNA, citando Rouhani depois da reunião com o chefe da AIEA, Yukiya Amano, em Viena.
"A responsabilidade para a mudança do nível de cooperação iraniano com a AIEA recai naqueles que criaram a nova situação", acrescentou.
Rouhani disse no começo do dia que seu país se manterá firme diante das ameaças norte-americanas de interromper a venda de petróleo iraniano.
"Os americanos dizem que querem reduzir as exportações iranianas de petróleo a zero... isso mostra que eles não pesaram as consequências", afirmou Rouhani, segundo a Irna.
Os comentários de Rouhani ecoaram outros que ele fez na terça-feira, quando insinuou a ameaça de interferir com as remessas de petróleo de países vizinhos se os Estados Unidos insistirem em sua determinação de forçar todas as nações a pararem de comprar o petróleo iraniano.
Rouhani não entrou em detalhes, mas autoridades iranianas já ameaçaram bloquear o Estreito de Hormuz, uma grande rota de transporte de petróleo, em retaliação a qualquer ação hostil dos EUA contra seu país.
Um comandante de alto escalão da Guarda Revolucionária elogiou as colocações de Rouhani nesta quarta-feira e disse que a organização está pronta para implantar tal diretriz.
O general Qassem Soleimani disse em uma carta publicada pela Irna: "Beijo sua mão (Rouhani) por expressar tais comentários sábios e oportunos, e estou ao seu serviço para implementar qualquer diretriz que sirva à República Islâmica."
Soleimani comanda a força Quds, encarregada das operações estrangeiras da Guarda Revolucionária.
Rouhani, que está em Viena tentando salvar o acordo nuclear, disse que as sanções dos Estados Unidos contra o Irã são "um crime e uma agressão" e conclamou os governos europeus e outros a enfrentarem as políticas do presidente norte-americano, Donald Trump, contra Teerã.
"O Irã sobreviverá a esta rodada de sanções dos EUA como sobreviveu a elas antes. Este governo dos EUA não continuará no poder para sempre... mas a história julgará outras nações pelo que fazem hoje", afirmou Rouhani.