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Irã convoca representante da embaixada brasileira no país

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o teor da conversa é reservado e não será divulgado

6 jan 2020 - 23h14
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O Ministério das Relações Exteriores informou nesta segunda-feira que a encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, foi convocada pela chancelaria iraniana. Segundo o Itamaraty, o teor da conversa é reservado e não será divulgado. O embaixador do Brasil no Irã, Rodrigo Azeredo, está de férias.

Na semana passada, o principal general iraniano, Qassim Suleimani, foi morto em um ataque ordenado pelo governo dos Estados Unidos. Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, o ataque serviu para "parar" uma guerra, não iniciar uma.

Um dia após o ataque, o Itamaraty divulgou uma nota na qual disse apoiar a "luta contra o flagelo do terrorismo". Na nota, o governo brasileiro condenou um ataque à Embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, cidade onde Suleimani foi morto, mas não condenou a morte do general iraniano.

Bandeira do Irã em frente ao edifício-sede da AIEA em Viena
09/09/2019
REUTERS/Leonhard Foeger
Bandeira do Irã em frente ao edifício-sede da AIEA em Viena 09/09/2019 REUTERS/Leonhard Foeger
Foto: Reuters

"Informamos que a Encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela chancelaria iraniana. A conversa, cujo teor é reservado e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática", informou o Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer, antes de o Itamaraty divulgar a nota, que o Brasil não se manifestaria sobre o assunto por não ter "poderio bélico".

Bolsonaro afirmou ainda que conversaria com autoridades americanas porque os dois países são aliados em muitas questões. "Eu não tenho o poderio bélico que o americano tem para opinar neste momento. Se tivesse, eu opinaria", afirmou o presidente na ocasião.

Nesta segunda-feira, porém, o presidente voltou ao indicar que o Brasil mantém apoio a Trump e a elogiar a relação entre os dois países. "Não faço qualquer crítica contra Donald Trump", declarou em entrevista coletiva. "Não podemos coadunar com terrorismo no mundo", completou.

Preço do petróleo

Um dos efeitos da crise entre Estados Unidos e Irã foi o aumento no preço do barril de petróleo. No Brasil, Bolsonaro tem afirmado que o governo não vai interferir no preço dos combustíveis, mas que a alta é o que "mais preocupa" neste momento.

Nesta segunda-feira, o presidente se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e com o presidente da Petrobrás, Roberto Castelo Branco. Após o encontro, Castelo Branco disse que há "liberdade total" no Brasil para os preços de derivados de petróleo, como os combustíveis.

Já Bento Albuquerque afirmou que o governo estuda medidas para evitar impactos dessas crises externas no mercado de petróleo. Segundo o ministro, o pedido foi feito pelo presidente Bolsonaro após os ataques a refinarias de petróleo da Arábia Saudita, em setembro do ano passado.

"Acredito que em pouco tempo teremos uma resposta rápida para que o país não fique refém de cada crise de petróleo que acontece no mundo, a gente tem de ter os instrumentos para combater isso. Se o país tiver os instrumentos, as políticas corretas para utilizar, vai dar muita tranquilidade ao mercado, aos investimentos e também aos consumidores", disse. O ministro, no entanto, não detalhou quais seriam esses mecanismos.

Questionado sobre a possibilidade de um subsídio para compensar a alta do petróleo, Bento afirmou que a opção também está em análise."Subsídio não seria a palavra adequada. Uma compensação seria a palavra mais adequada", declarou.

"Temos de criar, talvez, mecanismos compensatórios que compensem esse aumento sem alterar o equilíbrio econômico do país. Que isso não gere inflação, mas também não frustre expectativa de receitas", afirmou o ministro.

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Estadão
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