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Irã lança dezenas de mísseis contra Israel; o que se sabe

Tensão no Oriente Médio se acirra com ataque por terra de Israel ao Líbano e com ataque a tiros em Tel Aviv.

30 set 2024 - 20h06
(atualizado em 1/10/2024 às 23h12)
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Irã lança dezenas de mísseis contra território israelense e faz ameaça caso haja reação
Irã lança dezenas de mísseis contra território israelense e faz ameaça caso haja reação
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Forças militares de Israel e a TV estatal iraniana afirmaram que o Irã lançou dezenas de mísseis contra o país na noite de terça-feira (1/10) no horário local, em meio à escalada de tensões no Oriente Médio com os ataques de Israel contra o Hezbollah no Líbano.

Segundo as Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla em inglês), os cidadãos de Israel devem "permanecer alertas e seguir as instruções do comando" militar.

"Ao ouvir uma sirene [de ataque aéreo], procure um local protegido e permaneça lá até novas instruções."

As forças israelenses que o país foi alvo de cerca de 180 mísseis — a maioria deles interceptados.

Duas interceptações foram ouvidas por funcionários da BBC no escritório localizado em Jerusalém.

A TV estatal iraniana divulgou uma declaração da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) confirmando que "dezenas" de mísseis foram lançados em direção a Israel. O texto ainda faz uma ameaça a Israel, caso o país responda ao ataque.

A Guarda Revolucionária descreveu o ataque com mísseis como retaliação pelo assassinato em julho do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, assim como do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27/9) — e também pelo assassinato de libaneses e palestinos.

O correspondente da BBC no norte de Israel Nick Beake diz que foi possível avistar o "brilho laranja característico de vários mísseis" lançados pelo Irã na última hora.

"Estamos perto de onde as Forças de Defesa de Israel iniciaram sua invasão ao Líbano na noite passada. Famílias israelenses estão correndo para abrigos. É uma cena que se repete em todo o país", diz o correspondente.

Ele conta que está em um abrigo no qual os adultos monitoram frequentemente aplicativos e outros alertas de foguetes. Enquanto isso, as crianças — alheias a este momento significativo nesta atual crise do Oriente Médio — brincam no chão.

O grupo afirma que sua força aérea tinha como alvo "bases importantes" e anunciaria os detalhes mais tarde.

Em pronunciamento após os ataques, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Irã "cometeu um grande erro" e "pagará por isso".

Artilharia israelenses atinge áreas próximas a vilas no sul do Líbano, ao longo da fronteira com Israel
Artilharia israelenses atinge áreas próximas a vilas no sul do Líbano, ao longo da fronteira com Israel
Foto: ATEF SAFADI/EPA-EFE/REX/Shutterstock / BBC News Brasil

Também nesta terça, de acordo com a polícia israelense, sete pessoas foram mortas e algumas ficaram feridas (a maior parte em estado grave) em um ataque a tiros no bairro de Jaffa, em Tel Aviv.

A suspeita inicial é que tenha sido um ataque terrorista promovido contra israelenses.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram um homem atirando contra pedestres e pessoas feridas deitadas no chão em uma estação ferroviária em Jaffa.

A polícia local informou à agência que os dois atiradores foram "neutralizados" e que a situação ficou "sob controle" após o ataque.

Semanas de conflito

Mais cedo, a Casa Branca havia afirmado à emissora CBS, parceira americana da BBC, que os Estados Unidos tinham indícios de que o Irã estava se preparando para "lançar um ataque de mísseis balísticos contra Israel".

"Um ataque militar direto do Irã contra Israel terá consequências severas para o Irã", alertou uma autoridade do governo americano, acrescentando que os Estados Unidos estão apoiando táticas "para defender Israel contra este ataque".

Tropas israelenses iniciaram entre a noite segunda-feira (30/9) e a madrugada de terça-feira no Líbano o que o Exército israelense chamou de uma operação terrestre "limitada, localizada e direcionada" contra o Hezbollah — que é, ao mesmo tempo, um partido político xiita e grupo armado com forte influência no Líbano.

As IDF argumentaram que os alvos no sul do Líbano representam "uma ameaça imediata às comunidades israelenses".

A força israelense disse também que suas tropas foram treinadas e preparadas "nos últimos meses" para esse tipo de incursão, e que a Força Aérea está dando apoio à ação.

Já o vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, disse que o grupo estava pronto para uma ofensiva terrestre israelense e que a batalha "pode ser longa".

Foi o primeiro discurso de uma autoridade de alto escalão desde que Israel matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27/9), acirrando ainda mais o conflito.

No sábado (28/9), Israel anunciou ter matado outras 20 lideranças do grupo em novos ataques.

Soldados israelenses próximos à fronteira com o Líbano na segunda-feira
Soldados israelenses próximos à fronteira com o Líbano na segunda-feira
Foto: ATEF SAFADI/EPA-EFE/REX/Shutterstock / BBC News Brasil

O porta-voz árabe das IDF, Avichay Adraee, acusou o Hezbollah de usar a população civil como escudo.

Ele fez um alerta para civis libaneses evitarem usar veículos para viajar para o sul do país através do rio Litani, onde há bombardeios.

O Hezbollah anunciou que disparou artilharia na área de Avivim, no norte de Israel, perto da fronteira com o Líbano.

Antes disso, o Hezbollah disse ter atacado tropas israelenses na cidade fronteiriça israelense de Metula.

As IDF afirmam que vários alertas foram ativados na área, onde "cerca de cinco lançamentos" de artilharia foram detectados.

O Exército israelense declarou as áreas ao redor de Metula, Misgav Am e Kfar Giladi no norte de Israel como "zona militar fechada", proibindo o acesso.

Explosões em subúrbio de Beirute na noite de segunda para terça-feira
Explosões em subúrbio de Beirute na noite de segunda para terça-feira
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Na segunda-feira, Israel emitiu um aviso ordenando a evacuação de moradores de Dahieh, o reduto do Hezbollah nos subúrbios ao sul de Beirute.

O aviso foi seguido por uma série de ataques à capital do Líbano — o primeiro ocorrendo menos de 30 minutos após o alerta israelense.

Muitos moradores de Dahieh já estão desalojados e alguns deles estão dormindo na rua, por não ter abrigo.

Funeral de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah
Funeral de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller, disse na segunda-feira que esforços diplomáticos buscam um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, algo defendido pelo presidente Joe Biden.

Em uma entrevista coletiva em Washington, o presidente foi questionado se ele estava ciente e confortável com o plano de Israel de lançar uma "operação limitada no Líbano".

Biden respondeu: "Estou mais ciente do que você pode imaginar e estou certo de que vão parar."

Ele acrescentou: "Deveria haver um cessar-fogo agora."

Autoridades libanesas dizem que mais de mil pessoas foram mortas nas últimas duas semanas em meio aos ataques e bombardeios de Israel, e até 1 milhão de pessoas precisaram ser deslocadas.

A escalada da tensão teve início em 17 e 18 de setembro, quando ocorreram explosões de pagers e walkie-talkies no Líbano, matando mais de 30 pessoas e deixando mais de 2 mil feridos.

O Líbano e o Hezbollah responsabilizaram Israel pela explosão dos aparelhos.

Os dias que se seguiram representaram uma série de reveses catastróficos para o Hezbollah, incluindo uma série de bombardeios.

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