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Mundo

Islã e integração de muçulmanos centram campanha eleitoral na Holanda

19 fev 2017 - 08h31
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Mais de 40% dos holandeses de origem turca e marroquina não sente que os Países Baixos sejam seu "lar", segundo um estudo oficial divulgado esta semana em um país onde "o islã" e a "integração" se transformaram no tema central da campanha eleitoral.

"Não me surpreendem em absoluto os números mostrados pelo estudo. Muitos marroquinos e turcos que vivem na Holanda toda sua vida, ou nasceram aqui, são agora objeto de um debate que já não é teórico, mas lhes faz sentir-se estrangeiros", declarou neste domingo à Agência Efe o especialista holandês em islã, Jan Jaap de Ruiter.

Segundo o trabalho efetuado pelo escritório holandês de planejamento social e cultural, 40% dos holandeses - de segunda geração - de origem turca e marroquina não consideram a Holanda como seu "lar", estão preocupados com suas perspectivas de emprego e denunciam discriminação diária.

O relatório adverte que esta minoria holandesa sente "mal-estar" na sociedade, o que poderia aumentar "o risco de que se fechem cada vez mais em si mesmos".

Esta instituição oficial realizou este relatório com as atenções voltadas para as eleições do próximo dia 15 de março.

O ultradireitista Geert Wilders, a voz mais poderosa contra os muçulmanos, construiu seu programa eleitoral sobre um único eixo: "desislamizar" os Países Baixos.

No entanto, o populista não é o único político holandês que utiliza o islã durante as semanas prévias aos pleitos para atrair eleitores.

O próprio primeiro-ministro, o liberal Mark Rutte, escreveu em janeiro uma carta aberta na qual convidava a sair do país todos aqueles que "não aceitem os valores holandeses", assinalando os imigrantes muçulmanos como gente que não age de forma "normal".

Além disso, o Partido Popular e Democrático (VVD), liderado por Rutte, inclui uma proibição total em público das peças de roupa que cubram os rostos, como burkas e capuzes.

Um deputado do VVD, Malik Azmani, explicou a ampla agenda de exigências de integração que seu partido leva ao pleito: aprender o idioma, ter um emprego ou um trabalho de voluntariado e adaptar-se às "normas sociais".

A legenda defende um aumento do prazo de residência exigido para solicitar a nacionalidade, dos atuais cinco para dez anos, e apoia a revogação da cidadania aos holandeses de origem estrangeira que cometam um crime nos primeiros cinco anos após conseguir um passaporte holandês.

"A integração significa que se adaptem a nossa sociedade, incluindo suas normas e seus valores", disse o deputado, de ascendência marroquina.

Por sua parte, o Partido Político Reformado (SGP, cristão) prometeu limitar a presença dos muçulmanos e proteger a Holanda contra os "excessos radicais" desta religião, que qualificou de "abusiva" e "violenta".

"Estes políticos não estão conscientes das consequências práticas de suas opiniões e declarações. São pessoas perigosas para a democracia. Se aplicarmos literalmente cada uma de suas palavras ou promessas, deportaríamos metade do país", alertou De Ruiter.

Outros partidos, como os verdes do GroenLinks ou os anti-xenofobia do Denk, utilizam precisamente os ataques ao islã de seus rivais políticos para fazer campanha por uma Holanda "tolerante", e pedem o voto contra "os racistas" do PVV e do VVD.

A imigração muçulmana, destacou o analista, se transformou em um "perigo virtual ao longo e ao largo" dos Países Baixos.

Segundo as últimas estimativas, o islã é a segunda maior religião na Holanda, depois do cristianismo, e é praticada por entre 4% e 6% do total da população.

No entanto, segundo um relatório do instituto Ipsos publicado há algumas semanas, um holandês médio superestima o número real dos muçulmanos nos Países Baixos e acredita que a religião é praticada por 19% da população.

E é essa sensação de "invasão muçulmana" provocada pelos políticos - de acordo com o analista holandês - o que faz com que os cidadãos levem a sério pessoas como Wilders.

Segundo De Ruiter, "há 50 anos, ninguém lhes teria levado a sério" nem lhes "aplaudiria" por declarações xenófobas.

"Mas há muito tempo que esse debate deixou de ser abstrato. É real, e não um jogo político, desde a eleição de (Donald) Trump nos Estados Unidos", ponderou este arabista da Universidade de Tilburg.

Os políticos holandeses, lamentou De Ruiter, "deixaram de pensar em como resolver os problemas de integração, e passaram unicamente a falar de como expulsar os imigrantes" dos Países Baixos.

EFE   
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