Israel diz que vai intensificar ataques em Gaza e volta a encorajar evacuação para o sul
Desde o início dos ataques israelenses, mais de 4.000 pessoas foram mortas em Gaza, segundo autoridades de saúde palestinas.
Israel pretende intensificar os ataques à Faixa de Gaza a partir da tarde deste sábado (21/10), segundo Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês.
"Aprofundaremos os nossos ataques, minimizaremos os riscos para as nossas forças nas próximas fases da guerra e aumentaremos os ataques a partir de hoje", disse ele em uma coletiva de imprensa.
Hagari reforçou o pedido para que os moradores da Cidade de Gaza "continuem a se mover para o sul para a sua segurança".
As forças israelenses iniciaram os ataques aéreos de retaliação em Gaza após os ataques surpresa do Hamas a Israel há duas semanas. Membros do grupo invadiram cidades e vilarejos próximos à Faixa de Gaza e lançaram mísseis, matando mais de 1.400 pessoas.
Segundo o governo israelense, cerca de 210 pessoas também foram sequestradas. O Hamas afirma que seus reféns estão escondidos em "locais e túneis seguros" dentro de Gaza.
Desde o início dos ataques israelenses, mais de 4.000 pessoas foram mortas em Gaza, segundo autoridades de saúde palestinas.
Mais da metade dos mortos são mulheres e crianças, afirma o ministério da saúde administrado pelo Hamas.
Além disso, cerca de 1,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados, com mais de meio milhão de pessoas em 147 abrigos da ONU, afirma a própria organização.
Há a expectativa de que Israel lance em breve uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, mas o início exato ainda não é conhecido.
Ajuda humanitária
Também neste sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que a sua administração continua empenhada em garantir que os civis em Gaza tenham acesso a alimentos, água e cuidados médicos sem desvios por parte do Hamas.
"Continuaremos a trabalhar com todas as partes para manter a passagem de Rafah em funcionamento para permitir o movimento contínuo de ajuda imperativo para o bem-estar do povo de Gaza."
Vinte caminhões com ajuda humanitária começaram a entrar na Faixa de Gaza na manhã deste sábado.
Estes foram os primeiros envios de suprimentos desde o ataque do Hamas a Israel, depois do qual foi cortado o fornecimento de combustível, eletricidade e água a Gaza.
Funcionários da ONU descrevem a situação em Gaza como catastrófica. Já o porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, disse que as condições humanitárias em Gaza estavam "sob controle".
O coordenador de Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, disse que um segundo comboio de 20 a 30 caminhões deve entrar em Gaza amanhã.
Segundo ele, as Nações Unidas e Israel estão tendo discussões "difíceis, mas justas" sobre como os caminhões serão inspecionados.
"Ouvi esta tarde - mas estamos negociando isso agora - que poderemos ter outro comboio amanhã, talvez até um pouco maior, de 20 a 30 caminhões", disse Griffiths horas depois dos primeiros caminhões passarem por Rafah.
"Precisamos, a partir de amanhã, construir um sistema de inspeção leve, eficiente e, esperançosamente, aleatório, que não atrase as coisas", disse o diplomata, citado pela agência Reuters.
Griffiths acrescentou que também foi discutido um sistema de rastreamento do uso do combustível doado, que não faz parte das entregas realizadas neste sábado.
O combustível é necessário para hospitais e abastecimento de água, mas Israel teme que possa ser desviado e usado pelo Hamas para propósitos militares.
Cúpula da Paz
Também neste sábado começou a Cúpula da Paz no Cairo, Egito. Durante a reunião, líderes de diversos países se uniram em um apelo pelo fim da guerra entre Israel e Hamas.
No entanto, o encontro acabou sem que os líderes e ministros de Relações Exteriores concordassem com um comunicado conjunto.
O Brasil foi convidado para a cúpula como presidente atual do Conselho de Segurança da ONU. O país estava representado pelo chanceler Mauro Vieira.
Após a cúpula, o ministro afirmou que se tratou de uma discussão "muito ampla e espontânea".
"Houve consenso entre todos os participantes de que é chagada a hora de se negociar uma solução. (...) Houve também um consenso sobre a necessidade imediata de uma ajuda humanitária e saídas humanitárias", disse.