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Israel está perdendo apoio mundial por conta de bombardeios em Gaza, diz Biden

Na declaração mais dura até agora sobre a conduta de Israel no conflito contra o Hamas, presidente dos EUA afirmou nesta terça-feira (12) que país está 'começando a perder apoio' da comunidade internacional com 'bombardeios indiscriminados'.

12 dez 2023 - 23h40
(atualizado em 13/12/2023 às 05h58)
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Joe Biden em foto de mais cedo nessa terça (12); depois, em evento com doadores de campanha, o presidente fez críticas à condução de Israel no conflito contra o Hamas
Joe Biden em foto de mais cedo nessa terça (12); depois, em evento com doadores de campanha, o presidente fez críticas à condução de Israel no conflito contra o Hamas
Foto: Yuri Gripas/ABACA/POOL/EPA-EFE/REX/Shutterstock / BBC News Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que Israel está começando a perder apoio global devido a seus "bombardeios indiscriminados" contra Gaza.

Na terça-feira (12/12), a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que pede pelo cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e Hamas. Isso ocorreu depois de os EUA terem vetado a medida durante reunião do Conselho de Segurança na semana anterior.

As declarações de Biden, feitas na terça-feira durante um evento de arrecadação de doações para sua campanha eleitoral de 2024, foram as críticas mais fortes a Israel até agora. Até então, Biden vinha apresentando apoio público inabalável ao país desde 7 de outubro.

E embora o americano tenha reiterado que Israel pode contar com o apoio dos EUA, Biden deu um aviso mais direto ao governo do país no Oriente Médio.

"A segurança de Israel pode se firmar nos Estados Unidos, mas neste momento, há mais do que os Estados Unidos. Tem a União Europeia, tem a Europa, tem a maior parte do mundo", disse ele aos doadores em Washington.

"Mas eles estão começando a perder esse apoio com os bombardeios indiscriminados", disse ele.

Biden, no entanto, acrescentou que "não há dúvidas sobre a necessidade de enfrentar o Hamas" e que Israel tem "todo o direito" de fazê-lo.

O presidente dos EUA tem enfrentado uma pressão crescente, inclusive dentro do seu próprio Partido Democrata, para controlar a campanha militar de Israel.

As declarações de Biden alinham-se aos recentes posicionamentos de seu governo sobre a guerra — que já exortou Israel a "valorizar a vida humana" e a dar instruções mais claras para permitir que as pessoas escapem do conflito.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse há poucos dias que havia uma "lacuna" entre as promessas das autoridades israelenses de poupar os civis em Gaza e a realidade.

Funcionários do alto escalão dos EUA também têm demonstrado crescente insatisfação com a resposta militar de Israel.

Fumaça sobre Gaza em foto tirada do sul de Israel nesta terça-feira
Fumaça sobre Gaza em foto tirada do sul de Israel nesta terça-feira
Foto: REUTERS/Ammar Awad / BBC News Brasil

O Ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza disse que mais de 18.400 pessoas foram mortas pelos bombardeios israelenses desde 7 de outubro, quando o Hamas rompeu as fronteiras fortemente vigiadas de Israel e matou 1.200 pessoas.

Num comunicado divulgado na terça-feira, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel recebeu o "apoio total" dos EUA para a sua ofensiva terrestre, bem como para o seu objetivo de destruir o Hamas e resgatar reféns.

Netanyahu acrescentou que Washington bloqueou "a pressão internacional para parar a guerra".

Biden aludiu ao desacordo entre os dois governos nas suas declarações de terça-feira e disse que Netanyahu teve de "mudar" o seu governo, bem como a sua posição sobre uma solução de dois Estados — que funcionários do governo americano têm promovido como um caminho pós-guerra.

Essa proposta é apoiada pela comunidade internacional para pôr fim ao conflito de décadas e levaria à criação de um Estado palestino independente em Gaza e na Cisjordânia, existindo ao lado de Israel.

"Este é o governo mais conservador da história de Israel", disse Biden. "Este governo de Israel está dificultando muito as coisas. Eles não querem uma solução de dois Estados."

Netanyahu já afirmou que se opõe aos apelos dos EUA para que a Autoridade Palestina, que atualmente administra partes da Cisjordânia ocupada por Israel, assuma o controle de Gaza.

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