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Israel faz maior bombardeio em Gaza desde início do cessar-fogo, com mais de 300 mortos; o que se sabe

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa ordenaram os ataques na manhã de terça-feira (18/03, no horário local). Primeira fase do cessar-fogo acabou em 1º de março.

17 mar 2025 - 23h11
(atualizado em 18/3/2025 às 07h24)
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Resumo
O exército israelense realizou extensivos ataques aéreos na Faixa de Gaza, resultando em centenas de mortes e feridos, principalmente civis. A ação foi uma resposta à recusa do Hamas em libertar reféns e aceitar propostas de cessar-fogo.
Escola em Al Tabien, em Gaza, foi um dos alvos de ataque aéreo de Israel
Escola em Al Tabien, em Gaza, foi um dos alvos de ataque aéreo de Israel
Foto: EPA / BBC News Brasil

O exército israelense afirmou nesta terça-feira, 18, estar realizando "ataques extensivos" na Faixa de Gaza.

Um porta-voz da agência de Defesa Civil de Gaza, administrada pelo Hamas, disse à BBC que pelo menos 330 palestinos foram mortos e outras centenas ficaram feridas nos ataques.

Em uma declaração, as Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram estar mirando o que chamaram de "alvos terroristas" pertencentes ao Hamas.

Citando médicos e testemunhas, a agência Reuters informou que três casas foram atingidas em Deir Al-Balah, no centro de Gaza, além de um prédio na Cidade de Gaza e alvos em Khan Younis e Rafah.

Esta é a maior onda de ataques aéreos em Gaza desde que o cessar-fogo na guerra em Gaza começou, em 19 de janeiro. Ainda há impasse nas negociações para estender o cessar-fogo.

Recentemente, o exército de Israel emitiu novas ordens de evacuação para várias áreas em Gaza.

Muitos estão fugindo para áreas que consideram mais seguras. Israel aconselhou os moradores de Gaza a irem para Khan Younis no sul ou áreas ocidentais da Cidade de Gaza.

Rosalia Bollen, porta-voz da Unicef que está em Al-Mawasi, no sul de Gaza, disse à BBC que acordou com o som "de explosões muito, muito alto".

"Nossa casa estava tremendo. Pelos próximos 15 minutos... ouvimos explosões quase a cada cinco ou seis segundos."

O coordenador humanitário da ONU para o Território Palestino Ocupado, Muhannad Hadi, disse: "Isso é inconcebível. Um cessar-fogo deve ser restabelecido imediatamente".

A correspondente da BBC em Jerusalém, Yolande Knell, disse que "dois meses de relativa calma em Gaza terminaram rapidamente durante a noite".

Segundo ela, líderes políticos do Hamas estão supostamente entre os mortos — mas médicos dizem que muitas crianças também foram mortas nos ataques aéreos.

Escombros em Deir Al-Balah, em foto de janeiro; cidade foi uma das atingidas por novos bombardeios israelenses
Escombros em Deir Al-Balah, em foto de janeiro; cidade foi uma das atingidas por novos bombardeios israelenses
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Cessar-fogo violado

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Israel Katz, ordenaram os ataques na manhã de terça-feira (18/03, no horário local; noite de segunda-feira, 17, no Brasil), de acordo com uma nota do gabinete do primeiro-ministro.

"Isso vem depois da reiterada recusa do Hamas em libertar nossos reféns, bem como sua rejeição de todas as propostas apresentadas pelo enviado presidencial dos EUA Steve Witkoff e pelos mediadores", diz a nota.

"Israel, de agora em diante, agirá contra o Hamas com força militar crescente."

O plano para a realização dos ataques "foi apresentado pelas FDI no fim de semana e aprovado pela liderança política", completou o gabinete. A rede americana CBS noticiou que Israel informou a Casa Branca sobre seu plano de ataque.

Já o Hamas acusa Israel de atacar "civis indefesos" e diz que os mediadores devem responsabilizar Israel "totalmente" por "violar o cessar-fogo".

Os negociadores têm tentado encontrar um caminho para a paz depois do fim do prazo da primeira fase do cessar-fogo, em 1º de março.

Os EUA propuseram estender a primeira fase até meados de abril, incluindo uma nova troca de reféns mantidos pelo Hamas e prisioneiros palestinos mantidos por Israel.

Mas um oficial palestino familiarizado com as negociações disse à BBC que Israel e o Hamas discordaram sobre os principais aspectos do acordo estabelecido por Witkoff nas negociações indiretas.

A mais recente guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando o grupo palestino matou mais de 1.200 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, e capturou 251 reféns.

O ataque desencadeou uma ofensiva militar israelense que já matou mais de 48.520 pessoas, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas — dados que são usados pelas Nações Unidas e outros.

A maior parte da população de 2,1 milhões de Gaza precisou se deslocar várias vezes.

Estima-se que 70% dos edifícios do território palestino foram danificados ou destruídos. Os sistemas de saúde e saneamento entraram em colapso, e há escassez de alimentos, combustível, remédios e moradia.

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