Israel faz primeiro ataque ao Hezbollah no Líbano desde o início do cessar-fogo; o que se sabe
As Forças de Defesa de Israel haviam ameaçado uma "resposta severa" após três foguetes serem interceptados na cidade israelense de Metula
Israel realizou neste sábado (22/3) diversos ataques a alvos do Hezbollah no sul do Líbano, após o lançamento de foguetes da região em direção a Israel, na pior onda de violência no local desde que um cessar-fogo entrou em vigor em novembro.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou ter instruído as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) a "agir com força contra dezenas de alvos terroristas no Líbano".
O exército israelense disse que atingiu dezenas de lançadores de foguetes e um centro de comando pertencente ao Hezbollah, milícia e grupo político apoiado pelo Irã, no sul do Líbano.
O Ministério da Saúde do Líbano informou que três pessoas, incluindo uma criança, foram mortas e oito ficaram feridas nos ataques.
As IDF informaram anteriormente que três foguetes foram interceptados na cidade israelense de Metula na manhã de sábado. Não houve feridos.
Diversos grupos armados operam no Líbano, mas nenhum deles assumiu a responsabilidade pelo ataque.
O Hezbollah, que é o mais poderoso desses grupos, disse que não teve envolvimento e que continua comprometido com o cessar-fogo.
O primeiro-ministro do Líbano, Nawaf Salam, pediu ao exército que tomasse medidas para evitar que o país fosse "arrastado para uma nova guerra".
Os acontecimentos deste sábado pressionam uma trégua frágil, mediada pelos Estados Unidos e pela França, que encerrou mais de um ano de conflito entre Israel e o Hezbollah.
Sob os termos do acordo, os militares libaneses enviariam milhares de soldados adicionais para o sul do país para impedir que grupos armados atacassem Israel.
O Hezbollah foi obrigado a remover seus combatentes e armas, enquanto os militares israelenses se retirariam das posições ocupadas na guerra.
Mas Israel realiza ataques aéreos quase diários no que descreve como alvos do Hezbollah e indicou que os ataques continuarão para impedir que o grupo se rearme.
Os ataques deste sábado ocorre dias após Israel reforçar sua ofensiva contra o Hamas, um aliado do Hezbollah, em Gaza.
A força de paz da ONU no Líbano, Unifil, expressou "preocupação com a possível escalada da violência", pedindo que Israel e o Líbano "cumprissem seus compromissos".
O chefe das IDF, Eyal Zamir, afirmou anteriormente que o "Estado do Líbano tem responsabilidade" em garantir o cumprimento do acordo de cessar-fogo, que pôs fim a 14 meses de combates com o Hezbollah.
As forças israelenses ainda ocupam cinco locais no sul do Líbano, o que o governo libanês considera uma violação da soberania do país e um descumprimento do acordo de cessar-fogo, que exigia a retirada das tropas israelenses.
Israel afirma que o exército libanês ainda não se deslocou totalmente para essas áreas, e que precisa manter presença nesses pontos para garantir a segurança de suas comunidades fronteiriças.
O ataque com foguetes deste sábado aumenta a pressão sobre o governo libanês, e provavelmente será usado por Israel como prova de que o exército do país vizinho não tem controle completo sobre as áreas fronteiriças.
Apesar dos constantes ataques de Israel, o Hezbollah não respondeu. O grupo enfrenta o enorme desafio de oferecer apoio financeiro às suas comunidades afetadas pela guerra, além da pressão de seus opositores para se desarmar.
O presidente do Líbano, Joseph Aoun, que assumiu o cargo em janeiro, já afirmou que apenas o Estado deveria possuir armamentos no país, em uma declaração vista como uma referência ao arsenal do Hezbollah.
No sábado, ele condenou "tentativas de arrastar o Líbano para um ciclo de violência".
Os parceiros internacionais do Líbano afirmam que só ajudarão o país caso o governo tome medidas para limitar o poder do Hezbollah.
O Hezbollah iniciou sua campanha no dia seguinte aos ataques do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, alegando agir em solidariedade com os palestinos na Faixa de Gaza.
O conflito de longa data se intensificou, levando a uma intensa campanha aérea israelense sobre o Líbano, ao assassinato de líderes seniores do Hezbollah e a uma invasão terrestre do sul do Líbano.
A ofensiva resultou na morte de cerca de 4 mil pessoas no Líbano, incluindo muitos civis, e causou o deslocamento de mais de 1,2 milhão de pessoas.
O objetivo declarado de Israel na guerra contra o Hezbollah foi permitir o retorno de cerca de 60 mil residentes que haviam sido deslocados de comunidades no norte do país devido aos ataques do grupo, e removê-lo das áreas ao longo da fronteira.
