Israel nega cessar-fogo para retirada de estrangeiros em Gaza
Benjamin Netanyahu afirmou que 'não há trégua nem ajuda humanitária em troca da saída de estrangeiros'
Um possível acordo para cessar-fogo para retirada de estrangeiros no sul de Gaza foi anunciado na madrugada desta segunda-feira, 16, entre Egito, Israel e os Estados Unidos. No entanto, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, negou que tenha ocorrido uma trégua para que pessoas possam ser retiradas da cidade.
A agência de notícias Reuters divulgou que fontes de segurança egípcias haviam informado sobre a abertura da passagem da fronteira de Rafah, localizada entre a fronteira da Península do Sinai do Egito e da Faixa de Gaza, para a saída de estrangeiros.
O local ficaria aberto por horas para que os grupos pudessem ser retirados, mas pouco depois, Netanyahu negou o acordo em comunicado: "Atualmente, não há trégua nem ajuda humanitária em Gaza em troca da saída de estrangeiros." Essa é a única passagem para o território que não é controlada por Israel.
Brasileiros na fronteira
Um grupo com 16 brasileiros, incluindo dez crianças, espera há cinco dias um acordo entre o governo egípcio e o Itamaraty para ser retirado de Gaza. É necessário que o Egito permita a entrada de refugiados no país, além da aprovação de Israel de seu lado da fronteira.
Os brasileiros estavam abrigados em uma escola de Gaza, e foram transferidos no último sábado, 14, para uma casa em Rafah, alugada pela embaixada brasileira. O imóvel fica localizado próximo à fronteira com o Egito.
O que impede a saída do grupo de Gaza é a segurança por causa da continuidade dos bombardeios, segundo o presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi. Para isso, é necessário uma coordenação com Israel. O avião presidencial Embraer-190 já está em Roma, e aguarda autorização para pousar no aeroporto de Al Arish, localizado a 45 km de Rafah.
Falta de cooperação de Israel
O Egito disse nesta segunda-feira que Israel não está cooperando com a entrega de ajuda a Gaza e com a retirada de portadores de passaportes estrangeiros pela única entrada que não controla totalmente, deixando centenas de toneladas de suprimentos parados.
Segundo o Cairo, a passagem de Rafah, uma abertura potencialmente vital para suprimentos extremamente necessários para o enclave palestino sitiado, não está oficialmente fechada, mas está inoperante devido aos ataques aéreos israelenses no lado de Gaza.
"Há uma necessidade urgente de aliviar o sofrimento dos civis palestinos em Gaza", afirmou o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, aos repórteres, acrescentando que as conversas com Israel não foram frutíferas.
"Até agora, o governo israelense não se posicionou sobre a abertura da passagem de Rafah do lado de Gaza para permitir a entrada de assistência e a saída de cidadãos de outros países."
Mais de 2 milhões de habitantes de Gaza estão sitiados desde que Israel lançou um intenso bombardeio e bloqueio em retaliação a um ataque dos militantes islâmicos do Hamas.
*Com informações da Reuters