Israel quer Gaza pacífica, mas não decidiu se financia reconstrução, diz ministro da Economia
O ministro da Economia de Israel disse nesta quarta-feira que quer uma Gaza pacífica, mas ainda não decidiu se vai ajudar no financiamento de sua reconstrução e não permitirá a restauração do governo do Hamas, o que, segundo ele, poderia levar a outro ataque militante entre fronteiras.
Um cessar-fogo entre Israel e o grupo militante palestino Hamas entrou em vigor no domingo e o foco mudou, em parte, para as maneiras de conquistar uma paz permanente após 15 meses de guerra que demoliu a Faixa de Gaza e inflamou o Oriente Médio.
O ministro da Economia, Nir Barkat, disse à Reuters em uma entrevista durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que a reconstrução de Gaza não será possível a menos que o Hamas decida que quer uma paz duradoura com Israel.
"A principal questão é se... eles querem construir uma Dubai ou reconstruir Gaza da maneira que era", disse Barkat, referindo-se à cidade dos Emirados Árabes Unidos, um centro global de comércio, e a Gaza sob o domínio dos militantes islâmicos palestinos desde 2007.
"Dubai reconheceu o Estado de Israel, eles estão se concentrando em economias mútuas... gostaríamos de ver Dubai em nossa região, não Gaza", disse Barkat, ex-prefeito de Jerusalém.
Israel lançou seu ataque contra Gaza após combatentes do Hamas atravessarem a fronteira em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e tomando mais de 250 reféns, de acordo com registros israelenses.
Mais de 46.000 pessoas foram mortas em Gaza desde então, segundo autoridades de saúde palestinas. Grande parte das construções do enclave densamente povoado foi arrasada e a maioria de seus 2,3 milhões de habitantes foi deslocada diversas vezes, de acordo com agências humanitárias.
Os principais possíveis doadores para Gaza, como os Emirados Árabes Unidos e o novo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, enfatizaram que o Hamas, que jurou destruir Israel e é considerado uma organização terrorista por muitos países ocidentais, não pode permanecer no poder em Gaza após a guerra.
Desde que o cessar-fogo foi estabelecido, no entanto, a administração do Hamas em Gaza ressurgiu, agiu rapidamente para restabelecer a segurança e começar a restaurar serviços básicos, enfatizando que continua responsável pelos assuntos públicos.
Barkat afirmou que Israel não havia decidido se vai contribuir financeiramente para a reconstrução do enclave, mas que "certamente estaria disposto a permitir que os Emirados, os sauditas e outros reconstruíssem algo que não ameace Israel".
"IMPULSO" DE TRUMP
A volta de Trump à Casa Branca no lugar do presidente democrata Joe Biden -- que tinha laços tensos com Netanyahu --, mudou a dinâmica de Israel para melhor, avaliou o ministro.
"Passamos de um governo que nos apoiava e nos restringia para um governo que nos apoia e que está nos dando um forte impulso para vencer a guerra", afirmou.
Esse novo impulso também será sentido em todo o Oriente Médio, disse, aumentando as chances de estabelecer relações bilaterais entre Israel e outras nações árabes, processo conhecido como Acordos de Abraão.