Itália alega ter bloqueado exportação de vacinas por atrasos
Chanceler afirmou que medida não é ato hostil contra Austrália
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, explicou na tarde desta quinta-feira (4) os motivos que levaram o governo italiano a bloquear a exportação de vacinas anti-Covid para países fora da União Europeia (UE).
Em uma publicação no Facebook, o líder do Movimento 5 Estrelas (M5S) alegou que a decisão foi tomada porque existem muitos atrasos no fornecimento das doses à UE e à Itália por parte de algumas empresas farmacêuticas.
"Quem está inadimplente não pode dar desculpas. Se acordos foram assinados, eles devem ser respeitados. É por isso que, como Ministério de Relações Exteriores e Cooperação Internacional, pedimos para interromper a exportação", escreveu.
O caso envolve o envio de cerca de 250 mil imunizantes da AstraZeneca/Universidade de Oxford para a Austrália. E, segundo Di Maio, a medida não é "um ato hostil da Itália" contra os australianos, "mas faz parte do regulamento aprovado em 30 de janeiro na Europa".
Este documento é um mecanismo de exportação que serve para evitar que doses de vacinas destinadas à União Europeia sejam expedidas e comercializadas fora do bloco.
O chanceler ainda alegou que existem três razões claras e simples para explicar o bloqueio: a primeira diz respeito ao fato de a Austrália ser considerada atualmente um país "não vulnerável"; Já a segunda é porque ainda há poucas vacinas na UE e na Itália e os atrasos nas estregas pela AstraZeneca são inaceitáveis; E a terceira tem relação com a quantidade de doses.
"250 mil doses são muitas. Uma coisa é exportar pouquíssimas doses para fins de pesquisa científica, outra é exportar 250 mil. Por esses motivos, quando recebemos o pedido da AstraZeneca de autorização para exportar vacinas anti-Covid para a Austrália, em 24 de fevereiro, colocamos um freio", explicou.
Todos os países-membros estão sofrendo com os constantes atrasos e alterações no cronograma de entregas dos imunizantes contratados. Por isso, a Itália se tornou o primeiro do bloco a introduzir as novas regras.
"Somos o primeiro país europeu a deixar de exportar uma vacina produzida dentro das nossas fronteiras para fora da União Europeia. Conforme mencionado, os atrasos na distribuição são inaceitáveis e esperamos que a nossa posição tenha um impacto positivo na campanha de vacinação europeia", finalizou Di Maio.