Itália cobra UE por responsabilidade na promoção da paz
Mattarella criticou guerras e apelou por 'pontes de diálogo'
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, disse nesta sexta-feira (15) que a União Europeia precisa assumir mais responsabilidade na promoção da paz, enquanto seu país deve construir pontes de diálogo.
A declaração foi dada durante uma cerimônia comemorativa do aniversário de 80 anos da destruição da cidade de Cassino e da sua célebre abadia na Batalha dos Aliados contra a resistência alemã na Segunda Guerra Mundial.
"Na Constituição há uma declaração solene: o repúdio à guerra como instrumento de ofensa à liberdade de outros povos e como meio de resolução de disputas internacionais", disse ele.
"São as poucas palavras do artigo 11 que contêm as razões, as premissas do papel e das posições do nosso país na comunidade internacional: construir pontes de diálogo, de cooperação com outras nações, com respeito por cada povo", acrescentou.
Durante seu discurso, Mattarella também reforçou que a União Europeia deve assumir a responsabilidade pela paz.
"A nova Abadia tem a mesma vocação, mas também aspira ser a prova de uma maior consciência dos horrores da guerra e de como a Europa deve assumir um papel permanente na construção de uma paz baseada na dignidade e na liberdade. Somos desafiados por isso", afirmou.
Segundo o chefe de Estado italiano, a humanidade atravessa por meses amargos - agora anos - e todos esperavam que a Europa, fundada numa promessa de paz, nunca mais conhecesse a guerra.
Para ele, "a guerra não termina no limite da barbárie". "Enquanto surge um sentimento de piedade pelos mortos, pelas vítimas civis, ao mesmo tempo, não pode deixar de surgir um movimento de repulsa por parte de todas as consciências pela destruição de um território e dos seus recursos, pela aniquilação das famílias que a habitavam, na prossecução da lógica cega da guerra, de reduzir o inimigo a nada, sem respeito pelas vítimas inocentes", alertou.
Mattarella enfatizou ainda que o "luto e sofrimento, pagos em grande parte pela população civil inocente, a começar pelo desastroso bombardeio de 15 de fevereiro contra a Abadia, no qual morreram, juntamente com os monges, famílias deslocadas, muitas pessoas que ali se refugiaram contando com a imunidade de um edifício religioso, é expressão de alta cultura universalmente conhecida. Mas a guerra não sabe parar no limite da barbárie".
Além disso, o presidente italiano disse que deveria haver "o fim do fogo de armas em todos os lugares", e Cassino enviou uma "mensagem de paz ao mundo.
"Para comemorar uma tragédia, uma batalha tão sangrenta como a de Cassino - que cortou a carne e as consciências do nosso povo e dos povos que se tornaram nossos irmãos - é também um apelo a pôr fim, em toda a parte, aos disparos de armas, a reabrir a esperança de paz, de restauração do direito violado, da dignidade reconhecida em cada comunidade", apelou.
Por fim, garantiu que "Cassino expressa um doloroso lembrete de quão devastadora e destrutiva a guerra pode ser, mas também é um lembrete para nunca esquecer as consequências do ódio, do cinismo e da vontade de poder manifestadas no mundo". .