Itália define grupos prioritários para vacinação contra varíola dos macacos
Campanha de imunização vai priorizar homossexuais
O governo da Itália anunciou nesta sexta-feira (5) que a campanha de vacinação contra a varíola dos macacos no país vai focar sobretudo em homossexuais que tenham tido comportamento de risco recentemente.
A diretriz divulgada pelo Ministério da Saúde diz que, neste momento, a "modalidade de contágio e a velocidade de difusão, bem como a eficácia de medidas não-farmacológicas, excluem a necessidade de uma campanha de vacinação em massa".
Segundo o governo, o programa de imunização será voltado a funcionários de laboratório com possível exposição direta ao Orthopoxvirus (gênero de vírus causadores da varíola), pessoas gays, transgênero, bissexuais e homens que tiveram relações sexuais com homens.
Dentro dessas categorias, serão priorizados indivíduos que tenham tido um ou mais dos seguintes comportamentos: relações sexuais com mais de um parceiro nos últimos três meses, participação em eventos de sexo de grupo, participação em encontros sexuais em clubes e saunas, infecção sexualmente transmitida no último ano e hábito de consumir drogas químicas durante atos sexuais.
"Acreditamos ser importante o envolvimento das associações LGBTQIA+ e de luta contra o HIV para favorecer uma correta informação sobre a campanha de vacinação", diz o Ministério da Saúde.
De acordo com o subsecretário da pasta, Pierpaolo Sileri, a "grande maioria" dos cerca de 500 casos de varíola dos macacos na Itália foi registrada em "homens da comunidade gay". No entanto, ele fez a ressalva de que seria "incorreto" pensar que o contágio permanecerá "confinado dentro dessa população".
"A infecção pela varíola dos macacos não está ligada à orientação sexual, mas sua transmissão exige um contato físico importante, como o sexual", acrescentou, pedindo que as pessoas não cometam o mesmo erro dos anos 1980, de associar a Aids aos homossexuais.
A vacinação vai começar nas regiões com mais casos até o momento: Lombardia (2 mil doses), Lazio (1,2 mil), Emilia-Romagna (600) e Vêneto (400). O imunizante usado é o Jynneos, desenvolvido inicialmente para combater a varíola humana, doença erradicada no mundo desde 1980.
A varíola dos macacos pode ser transmitida por gotas de saliva e por contato com fluidos corporais e lesões cutâneas, inclusive durante relações sexuais. Já os sintomas são semelhantes aos da varíola humana, como febre, dores musculares e o surgimento de bolhas na pele, embora de forma mais leve.
O nome "varíola dos macacos" se deve ao fato de o vírus ter sido descoberto em colônias de símios, em 1958. Atualmente, acredita-se que os roedores sejam os principais hospedeiros do patógeno.
No último dia 23 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença como "emergência de interesse internacional", seu mais alto nível de alerta.