Itália homenageia juiz Paolo Borsellino nos 29 anos de sua morte
Juiz antimáfia foi um dos símbolos da justiça na década de 1990
As autoridades italianas relembraram nesta segunda-feira (19) os 29 anos do assassinato do juiz Paolo Borsellino que, ao lado de Giovanni Falcone, tornou-se um dos símbolos da luta contra os grupos mafiosos da Itália no início da década de 1990.
O caso é um dos mais marcantes da história judiciária da Itália e foi recordado com a tradicional procissão em memória das vítimas na via D'Amelio, rua onde ocorreu o massacre.
O evento, organizado pelo "Fórum 19 de Julho", um grupo que reúne associações, movimentos sociais e instituições, contou também com uma iluminação com as cores da bandeira italiana. O novo sistema de luz artística foi proposto pelo irmão do magistrado morto pela máfia em 1992, Salvatore Borsellino.
Em mensagem, o presidente Sergio Mattarella afirmou que "o ataque na via D'Amelio, há 29 anos, foi concebido e executado com uma desumanidade brutal e Borsellino "pagou com a própria vida por sua retidão e consistência de um homem das instituições".
"A memória daquele massacre, que tanto marcou a história republicana, suscita ainda uma emoção inalterada e, ao mesmo tempo, renova a consciência da necessidade de um compromisso comum para erradicar as máfias, combater a ilegalidade, quebrar a conivência e a cumplicidade que favorecem a presença criminosa", escreveu o chefe de Estado.
Borsellino e Falcone eram os juízes que faziam uma série de investigações contra a máfia siciliana "Cosa Nostra" e ambos foram assassinados em dois atentados feitos por mafiosos.
No dia 19 de julho de 1992, em Palermo, um Fiat 126 repleto de explosivos foi detonado em frente à casa da mãe de Borsellino, no exato momento em que ele chegava à residência com uma escolta de cinco policiais. Entre as vítimas também estavam Agostino Catalano, Emanuela Loi, Vincenzo Li Muli, Walter Eddie Cosina e Claudio Traina.
O atentado ocorreu quase dois meses depois do Massacre de Capaci, quando a máfia tirou as vidas do também juiz Giovanni Falcone, de sua esposa e de três policiais.
"Vinte e nove anos após o massacre na Via D'Amelio, a Itália não esquece o juiz Paolo Borsellino. A explosão que matou o magistrado e os agentes de escolta em 19 de julho de 1992 nos adverte que nenhum acordo pode ser tolerado na luta contra a máfia", alertou a presidente do Senado da Itália, Elisabetta Casellati.
Segundo Casellati, "quase 30 anos depois, é inaceitável que não se tenha conseguido uma reconstrução real dos fatos". "Só a verdade plena pode permitir que a justiça liberte a Itália deste doloroso e insustentável fardo".
Já a irmã de Falcone, Maria Falcone, afirmou que a data faz voltar à mente "as imagens terríveis do atentado, dos efeitos devastadores do carro-bomba". "Para quem viveu aquela época, a lembrança daquele horror é indelével, mas é reconfortante que a memória das vítimas permaneça viva apesar do passado e que se tenha tornado patrimônio de todos, mesmo daqueles que não nasceram naquele dia".