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Itália justifica deportação de comandante líbio: 'Perigoso'

Roma devolveu a Trípoli miliciano alvo de mandado do TPI

23 jan 2025 - 14h08
(atualizado às 14h12)
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O governo da Itália justificou nesta quinta-feira (23) a deportação do comandante líbio Najeem Osema Almasri Habish, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e contra a humanidade, com o argumento de que ele representava um "perigo".

    Almasri foi preso no último domingo (19), em Turim, onde estava para assistir a uma partida de futebol entre Juventus e Milan, mas acabou libertado dois dias depois por determinação da Corte de Apelação de Roma, que alegou que o ministro da Justiça, Carlo Nordio, não havia sido informado previamente da detenção, como de praxe em casos envolvendo o TPI.

    Em seguida, Almasri, comandante da Polícia Judiciária da Líbia, foi deportado para Trípoli em um avião oficial italiano e recebido com festa por aliados. Por conta disso, tanto a oposição quanto o Tribunal de Haia cobraram explicações do governo da premiê Giorgia Meloni.

    Segundo o ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi, a deportação foi motivada por "urgentes razões de segurança, dada a periculosidade do indivíduo". "Considerando que o cidadão líbio estava livre na Itália e representava um perfil de periculosidade social, adotei um procedimento de expulsão por motivos de segurança do Estado", acrescentou.

    Piantedosi ainda assegurou que o governo está disponível para "detalhar melhor o caso em questão". A oposição, no entanto, acusa a gestão Meloni de cumplicidade na libertação de Almasri, que é responsável pelos centros de detenção de migrantes na Líbia, locais cercados por denúncias de violações dos direitos humanos e trabalhos forçados.

    Uma dessas prisões é a de Mitiga, nos arredores de Trípoli e palco de "torturas, maus-tratos, execuções ilegais, desaparecimentos forçados e outros crimes tipificados no direito internacional, além de graves violações dos direitos humanos", segundo a ONG Anistia Internacional.

    "Homens sofriam queimaduras e choques elétricos, eram espancados com armas, e muitos eram forçados a combater [na guerra de milícias no país]. Almasri, lembro bem dele, era o chefe e ele mesmo um torturador. Ele que mandava matar, disparar e escravizar", disse David Yambio, porta-voz da ONG Refugees in Libya, ao site italiano FanPage.

    A Líbia é um país central para as políticas migratórias da Itália, que financiou, treinou e equipou a Guarda Costeira local para realizar operações no Mediterrâneo e evitar que migrantes e solicitantes de refúgio cheguem às costas europeias. .

Ansa - Brasil
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