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Itália quer recrutar 60 mil assistentes cívicos contra Covid

Proposta virou alvo de polêmica, inclusive dentro do governo

26 mai 2020 - 13h46
(atualizado às 14h31)
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O governo da Itália pretende formar um corpo de 60 mil "assistentes cívicos" para ajudar prefeitos nas medidas de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

Em primeiro plano, o ministro das Relações Regionais da Itália, Francesco Boccia
Em primeiro plano, o ministro das Relações Regionais da Itália, Francesco Boccia
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A medida havia sido apresentada pelo ministro das Relações Regionais, Francesco Boccia, e pelo presidente da Associação Nacional dos Municípios Italianos (Anci), Antonio Decaro, também prefeito de Bari, mas causou polêmica no país, inclusive dentro do governo.

Segundo o projeto divulgado inicialmente por Boccia e Decaro, os 60 mil "assistentes cívicos" seriam recrutados de forma voluntária entre a população desempregada e, sob coordenação da Defesa Civil, seriam empregados pelos prefeitos em "atividades sociais, para colaborar com o respeito do distanciamento social e para dar um apoio aos mais frágeis".

"As prefeituras poderão se valer da contribuição dos assistentes cívicos para fazer respeitar todas as medidas em ato para conter a difusão do vírus, a partir do distanciamento social", disse Boccia no domingo.

A proposta sofreu duras críticas por supostamente dar poderes policiais aos voluntários, que teriam a função de controlar eventuais violações das medidas de distanciamento. "Só a mim isso parece uma loucura voltada a ganhar visibilidade?", questionou o senador e ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, líder do partido de centro Itália Viva (IV), fiador do governo.

"Precisamos manter olhos e orelhas abertos, os italianos merecem confiança e liberdade", criticou o líder da oposição, senador Matteo Salvini. Após as polêmicas, uma reunião de governo na noite desta segunda-feira (25) redimensionou o escopo do corpo de voluntários, que não terá papel de vigilância nem de polícia.

Em entrevista à emissora Rai, Boccia disse que os voluntários poderão ajudar "levando comida e remédios a quem não pode sair de casa, abrindo e fechando parques e fazendo o que for pedido pelo prefeito".

Nos últimos dias, prefeitos, governadores e ministros demonstraram preocupação com aglomerações noturnas em frente a bares e alertaram que o desrespeito das regras de distanciamento pode colocar a perder todo o esforço feito durante a quarentena.

Até agora, os relaxamentos no isolamento social não produziram efeitos negativos na curva epidêmica na Itália, mas as autoridades aguardam os dados do fim desta semana para calcular os impactos da reabertura de bares, restaurantes, salões de beleza, museus, praias e do comércio, em 18 de maio.

Ansa - Brasil
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