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Itália relembra 50 anos de atentado neofascista em Milão

Massacre da Piazza Fontana deixou 17 mortos em 1969

12 dez 2019 - 18h32
(atualizado às 18h45)
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A Itália relembrou nesta quinta-feira (12) o aniversário de 50 anos de um dos maiores atentados neofascistas da história do país.

Bandeira da Associação Nacional dos Partisans Italianos na cerimônia pelos 50 anos do 'Massacre da Piazza Fontana'
Bandeira da Associação Nacional dos Partisans Italianos na cerimônia pelos 50 anos do 'Massacre da Piazza Fontana'
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O ataque foi realizado no dia 12 de dezembro de 1969, quando uma bomba explodiu na sede do Banco Nacional de Agricultura, na Piazza Fontana, em Milão, matando 17 pessoas.

Simultaneamente, três explosivos foram acionados em Roma, deixando dezenas de feridos e gerando um clima de grande comoção na Itália. Além disso, uma bomba foi encontrada intacta no Banco Comercial Italiano, também em Milão.

"A identidade da República está marcada pelos mortos e feridos no Banco Nacional da Agricultura", disse o presidente Sergio Mattarella, durante uma cerimônia na Câmara Municipal de Milão.

"Foi um rompimento dilacerante da pacífica vida de uma comunidade e de uma nação, orgulhosas de terem deixado para trás os horrores da guerra e do regime fascista", acrescentou.

O chefe de Estado ainda denunciou "persistentes tentativas de se reescrever os acontecimentos" do passado e "tentações revisionistas que alimentam interpretações obscuras".

Culpados

As investigações sobre o massacre na Piazza Fontana foram marcadas por tentativas de encobrir os responsáveis, inclusive por parte dos serviços secretos, e fomentaram a convicção de que o Estado se aproveitava da violência no início dos Anos de Chumbo.

Militantes de esquerda afirmam que o atentado terrorista de 12 de dezembro de 1969 foi o estopim que levou muitos para a radicalização e grupos armados nos anos seguintes.

Durante o inquérito, o anarquista e ex-partisan Giuseppe Pinelli (1928-1969) foi duramente interrogado durante três dias e morreu após cair de uma janela do quarto andar de uma delegacia - seus companheiros da época sustentam até hoje que ele foi jogado.

A viúva de Pinelli, Licia, e suas filhas, Claudia e Silvia, participaram da celebração desta quinta na Câmara Municipal de Milão Outro anarquista, Pietro Valpreda (1932-2002), também chegou a ser preso e acusado pelo atentado, inclusive pela imprensa, e só foi libertado em 1972, após mais de mil dias na cadeia, porém sua absolvição foi confirmada somente em 1987.

Os nomes de Pinelli e Valpreda foram aplaudidos na cerimônia na Câmara Municipal. A Justiça italiana conduziu inúmeros julgamentos contra supostos responsáveis pelo massacre, em processos sempre marcados por reviravoltas e tentativas de encobrir os autores.

Em 2005, a Corte de Cassação, tribunal supremo do país, emitiu uma sentença estabelecendo que Giovanni Ventura (1944-2010) e Franco Freda (1941), membros do grupo neofascista Nova Ordem, participaram da organização do ataque, mas não poderiam mais ser processados porque já haviam sido absolvidos de forma definitiva em 1987, por falta de provas, pelo mesmo tribunal.

Outro integrante do grupo, Carlo Digilio (1937-2005), foi condenado por envolvimento no massacre, mas recebeu benefícios por colaborar com a Justiça - ele confirmou a participação de Ventura e Freda.

Ansa - Brasil
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