Itália teve 84 mil mortes a mais em 2020 do que média de 4 anos
Dados fazem parte de um relatório produzido com o Instituto de Saúde Superior
O Instituto Nacional de Estatísticas (Istat) anunciou nesta quarta-feira (30) que, no período de fevereiro a novembro de 2020, estima-se que foram registradas cerca de 84 mil mortes a mais do que a média contabilizada entre 2015 e 2019. Desse número total, 57.647 óbitos (69%) ocorreram em decorrência do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Os dados fazem parte de um relatório produzido em conjunto com o Instituto de Saúde Superior (ISS), órgão ligado ao governo da Itália, sobre o impacto da pandemia na mortalidade no país.
De acordo com o documento, "a classe com mais de 80 anos é a com maior percentual de mortes ligadas à Covid-19: 60% do total de vítimas".
No relatório, o Istat resume o cenário de propagação da epidemia na Itália em três fases: a primeira onda (de fevereiro a final de maio de 2020), que "se caracterizou por uma disseminação muito rápida de casos e mortes e por uma forte concentração territorial principalmente no Norte do país"; a fase de transição (de junho a meados de setembro), na qual "a propagação foi inicialmente muito limitada, mas no final de setembro foram identificados cada vez mais surtos em todo o país"; e a segunda onda (a partir do final de setembro), em que "os casos voltaram a aumentar rapidamente a uma taxa exponencial na maior parte do país e, apenas a partir de meados de novembro, houve um declínio na incidência".
Segundo o relatório, em muitas regiões do Norte, foi registrado um "excesso de mortalidade" maior na segunda onda do que na primeira, entre março e abril. As regiões mais afetadas são Vale de Aosta (+139% em março contra +71% em abril), Piemonte (+ 98% contra + 77%), Vêneto (+42,8% contra + 30,8%) e Friuli-Veneza Giulia (+46,9% contra + 21,1%). O aumento das mortes em novembro é inferior ao da primeira onda apenas na Lombardia (+ 66% em novembro em comparação com +192% em março e +118% em abril) e na Emilia-Romagna (+34,5% no mês passado em comparação com +69% em março).
Falando especificamente do novo coronavírus, "do final de fevereiro a novembro, as mortes da Covid-19 representaram 9,5% do total de mortes no período". Durante a primeira onda epidêmica (fevereiro-maio), o número foi de 13%, enquanto que na segunda o total de mortes em decorrência da doença aumentou para 16% em nível nacional.
Se a faixa etária for considerada, a mortalidade da Covid-19 "contribuiu para 4% da mortalidade geral em pessoas entre 0 e 49 anos, 8% entre 50 e 64 anos, 11% de 65 a 79 anos e 8% em mais de 80".
No que se refere à faixa etária de 0 a 49 anos, para quase todo o período considerado (de janeiro a novembro), as mortes mensais em 2020 são inferiores à média de 2015 a 2019, com exceção dos dados de março e novembro referentes aos homens residentes no Norte, para os quais se observa um aumento de 11% e 4,9%, respectivamente.
Os dados ainda consideram a menor letalidade da epidemia em pessoas abaixo dos 50 anos devido ao bloqueio da mobilidade e de muitas atividades produtivas.
Por outro lado, os número sobre as infecções em maiores de 80 anos vão contra a tendência: de 26% na primeira onda para 8% na segunda. Esta diminuição, como aponta o relatório, "é provavelmente em grande parte devido ao aumento da capacidade de diagnóstico entre os grupos de idade mais jovem e em pessoas com sintomas menos graves".
Após a divulgação do relatório, o diretor científico do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas Spallanzani, Giuseppe Ippolito, esclareceu que, apesar da vacinação, o "vírus fará companhia até o primeiro trimestre de 2022". Além disso, um alerta do Centro Europeu de Controle de Doenças (Ecdc) afirmou que variantes do coronavírus são relatadas em 26 países, sendo 13 europeus, o que aumenta o risco de novos casos na Europa.