Italiano é absolvido após ajudar DJ a cometer suicídio
Fabiano Antoniani tirou a própria vida em 2017 na Suíça
O Tribunal de Assistência de Milão absolveu o italiano Marco Cappato, um ativista que há anos luta pelo direito de morrer, depois de auxiliar um suicídio assistido. A decisão foi tomada após veredicto de uma corte constitucional, que determinou que ajudar uma pessoa que sofre a morrer é legal em alguns casos.
O ativista, que é membro do Partido Radical e um dos líderes da Associação Luca Coscioni, foi acusado por ter acompanhado, em 2017, Fabiano Antoniani, mais conhecido como Dj Fabo, até a Suíça, onde tirou a própria vida. O caso de Antoniani comoveu a Itália por semanas. O DJ ficou tetraplégico e cego em 2014 após sofrer um grave acidente de trânsito. Antes de morrer, Fabo fez diversos apelos para que os deputados italianos debatessem a chamada "lei do fim da vida".
A absolvição do ativista, por sua vez, foi concedida depois que, em setembro passado, a Corte Constitucional decretou que ajudar alguém que enfrenta um "sofrimento intolerável" a se matar nem sempre é um crime. "Este é um dia histórico porque a decisão do tribunal reflete plenamente o Artigo 2 da Constituição, que coloca o indivíduo, e não o Estado, no centro da vida social", afirmou a procuradora do caso, Tiziana Siciliano, que já havia pedido a absolvição de Cappato.
"Obrigado a todos que me apoiaram nesse processo que levou ao reconhecimento do direito de Fabiano de não sofrer mais", afirmou o ativista, em sua primeira declaração. Cappato ainda ressaltou que "agora estamos avançando pela liberdade de pessoas que estão nas mesmas condições que Davide Trentini", uma vítima de esclerose múltipla que morreu na Suíça em 2017. A decisão judicial também foi comemorada pelo Partido Verde Italiano, que classificou a medida como "um ato de civilização".
Já os parlamentares conservadores afirmaram que a lei "estabelece um precedente perigoso", além de lembrarem que a Igreja Católica é contra a eutanásia e ajuda ao suicídio.