Joe Biden é eleito presidente dos Estados Unidos da América
Democrata será o mais velho a assumir o cargo
Após quatro dias de expectativa com uma apuração acirrada, o democrata Joe Biden, 77 anos, é o novo presidente eleito dos Estados Unidos da América. Sua vice será a senadora Kamala Harris, 56.
Segundo projeção da CNN e da NBC, o ex-vice de Barack Obama ultrapassou a marca de 270 votos no colégio eleitoral e ocupará a Casa Branca a partir do dia 20 de janeiro de 2021, encerrando a era Donald Trump.
A contagem inclui os votos do estado da Pensilvânia, que dá direito a 20 delegados, fazendo com que o democrata obtenha 273 votos no colégio. Ainda estão sendo contados votos em Nevada, Geórgia e Arizona - onde Biden também esta à frente - e no Alasca e Carolina do Norte - onde Trump lidera.
Trump liderou durante quase toda a apuração em Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, mas acabou ultrapassado por Biden com o avançar da contagem do voto postal em áreas urbanas de grande população negra, como, Atlanta, Detroit e Milwaukee, maiores cidades desses três estados. O mesmo cenário acontece na Geórgia (onde um democrata não vence desde 1996) e no Arizona.
Presidente mais velho - perto de completar 78 anos - seu aniversário é em 20 de novembro -, Biden é o presidente eleito mais idoso na história dos EUA e também será o mais velho a ocupar o cargo.
Além disso, sua companheira de chapa, Kamala Harris, será a primeira mulher a exercer a função de vice-presidente. No voto popular, Biden tem neste momento pouco mais de 74 milhões de sufrágios, maior votação absoluta já alcançada por um candidato nos EUA.
Isso representa cerca de 6 milhões de voos a mais que Trump, que se tornou o primeiro presidente a fracassar na tentativa de reeleição desde 1992, com o também republicano George H. W.Bush, derrotado pelo democrata Bill Clinton.
A vitória de Biden chega após uma campanha inusitada devido à pandemia do novo coronavírus, um dos fatores que levaram à derrota de Trump em 2020. Com 9,7 milhões de casos e 236,1 mil mortes, os Estados Unidos são o país mais atingido pelo Sars-CoV-2 em todo o mundo em termos absolutos e concentram cerca de 20% dos contágios e óbitos globais.
Enquanto Trump promovia comícios marcados por aglomerações, inclusive em lugares fechados, Biden apostou em eventos online e comícios no modelo drive-in, com os eleitores dentro de seus carros.
Além disso, prometeu dar ouvidos às recomendações de cientistas para conter o vírus, como uso de máscaras e isolamento social, e reconstruir a força-tarefa antipandemias montada por Obama e desmantelada por Trump.
Trajetória
Nascido em Scranton, Pensilvânia, em 20 de novembro de 1942, Joseph Robinette Biden Jr. é advogado de carreira e construiu sua trajetória política no pequeno estado de Delaware, por onde foi senador entre 1973 e 2009, quando tomou posse como vice-presidente.
Tido como boa praça e conciliador, Biden é um moderado dentro do Partido Democrata, mas terá de lidar com uma crescente ala progressista que pressiona por pautas como taxação de grandes fortunas, saúde pública gratuita para todos e o "New Deal Verde".
Essa foi a terceira campanha presidencial de Biden: em 1987, ele abandonou a disputa ainda antes do início das primárias democratas após ser acusado de plagiar um discurso; já em 2008, desistiu da candidatura após a prévia de Iowa, vencida por Barack Obama, de quem ele seria vice em dois mandatos.
Em 2020, chegou a ser ameaçado pelo senador progressista Bernie Sanders, mas conseguiu unir o campo moderado em torno de seu nome e obter a indicação do partido com ampla vantagem. "Biden não é carismático, mas é querido dentro do sistema político. Ele se molda às situações, não é nenhuma megaliderança de peso com uma plataforma clara, mas sabe farejar para onde o vento está soprando", diz Bruno Reis, professor de ciência política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em entrevista à ANSA.
O perfil moderado e negociador será crucial para Biden na relação com o Congresso, já que o Partido Republicano deve conseguir manter o controle do Senado; Vida pessoal - O presidente eleito também tem uma vida pessoal marcada por tragédias. Em 1972, sua primeira esposa, Neilia Hunter, então com 30 anos, e sua filha Naomi, de um ano, morreram em um acidente de carro.
Já em 2015, seu filho mais velho, Beau Biden faleceu de câncer no cérebro aos 46 anos de idade. O democrata ainda é pai de Hunter, 50, fruto de seu primeiro casamento, e de Ashley, 39, filha única de seu matrimônio com Jill Biden, com quem é casado desde 1977.
Hunter, aliás, foi motivo de dor de cabeça para o presidente eleito durante a campanha. O democrata foi acusado por Trump de pressionar pela demissão de um procurador-geral ucraniano que investigava a empresa de gás Burisma, que tinha Hunter como conselheiro.
O atual mandatário chegou a insinuar que daria ajuda militar à Ucrânia se os Biden fossem investigados, o que acabou motivando a abertura de um fracassado processo de impeachment no Congresso americano Além disso, Trump acusa Biden de se beneficiar de negócios feitos por seu filho na Ucrânia graças à sua influência como vice-presidente. O democrata, no entanto, sempre negou quaisquer irregularidades.