Junta do Senado começa a discutir denúncia contra Salvini
Chanceler e ex-aliado afirmou que o ex-ministro está "com medo"
A Junta de Imunidade Parlamentar do Senado da Itália começou a discutir nesta quinta-feira (19) um pedido para processar o senador e ex-ministro do Interior Matteo Salvini por sequestro de pessoas.
A solicitação foi enviada pelo Tribunal dos Ministros de Catânia e afirma que o secretário do partido de extrema direita Liga "abusou de seu poder" ao impedir o desembarque de 131 migrantes resgatados pelo navio Gregoretti, da Guarda Costeira italiana, em julho.
A embarcação passou cinco dias ancorada no porto militar de Augusta, na Sicília, e a maior parte dos deslocados só pôde descer após um acordo de acolhimento entre países da União Europeia.
A Junta deve realizar pelo menos quatro reuniões em janeiro, e a votação do parecer está prevista para o dia 20 do mês que vem. Em seguida, o relatório será apreciado pelo plenário do Senado - como membro da Câmara Alta, Salvini tem foro privilegiado.
A tramitação é idêntica à do caso do navio Diciotti, quando o então ministro do Interior foi denunciado por sequestro ao ter bloqueado uma embarcação da Guarda Costeira que havia socorrido 177 migrantes no Mediterrâneo. Na ocasião, Salvini escapou do processo graças aos votos do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).
Como a Liga agora está na oposição, o M5S já indicou que deve votar de forma diferente. "Parece claro que o caso Gregoretti não é como o Diciotti. Neste último, houve uma decisão de governo, já o Gregoretti foi propaganda do então ministro Salvini. Vejo que ele está um pouco amedrontado, mas cada um deve assumir suas responsabilidades", afirmou o líder do movimento e ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio.
Já o Conselho dos Ministros, chefiado pelo premier Giuseppe Conte, emitiu uma nota afirmando que o bloqueio do Gregoretti nunca foi discutido nas reuniões do órgão. "Di Maio diz que estou com medo? Não vejo a hora, se quiserem me processar. Vão me processar? Quem se importa?", ironizou Salvini.
Se for condenado, o ex-ministro pode ser preso, cassado pelo Senado e ficar inelegível. Dos 23 membros da Junta de Imunidade Parlamentar do Senado, 13 são do governo, e 10, da oposição.