Khashoggi foi morto por oficiais sauditas, diz relatora
Segundo Agnes Callamard, da ONU, Arábia Saudita tentou 'atrapalhar' as investigações
A relatora sobre execuções extrajudiciais da ONU, Agnes Callamard, denunciou nesta quinta-feira (7) que o assassinato "brutal" do jornalista dissidente Jamal Khashoggi em outubro passado foi "planejado e realizado por autoridades sauditas". Segundo comunicado, a especialista diz ter explicado em seu relatório que "tem provas deste assassinato premeditado", considerado a "violação mais grave do direito mais fundamental de todos, o direito à vida".
Além disso, Callamard afirma que, justamente por isso, a Arábia Saudita "minou seriamente" os esforços da Turquia para investigar a morte do colunista do jornal norte-americano Washington Post. Para ela, a "imunidade" diplomática foi utilizada para cometer um crime com total "impunidade". "As provas reunidas ao longo de minha missão na Turquia mostram que Khashoggi foi vítima de um assassinato brutal e premeditado, planejado e realizado por autoridades da Arábia Saudita", afirmou.
Callamard foi escolhida para abrir uma "investigação internacional e independente" sobre a morte de Khashoggi, assassinado dentro do consulado saudita em Istambul, supostamente torturado e esquartejado por funcionários sauditas.
Quatro meses depois do crime, seu corpo ainda não foi localizado. "O assassinato de Jamal Khashoggi e a absoluta brutalidade trouxeram uma tragédia irreversível para os seus entes queridos", escreve Callamard no inquérito.
Desde o ano passado, Riad forneceu várias versões sobre o crime, inclusive chegou até a negar a morte do jornalista. No entanto, logo depois, o governo admitiu o assassinato, mas afirmando que havia sido um acidente. Por fim, o país confirmou que o homicídio fora premeditado.
Durante a investigação, Callamard, inclusive, chegou a ter sua entrada ao consulado saudita barrada. A expectativa é de que o relatório final com as conclusões seja apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em junho. Turquia Após a denúncia da relatora da ONU, a Turquia voltou a exigir a extradição dos suspeitos de cometer o assassinato de Khashoggi.
"As autoridades sauditas devem extraditar para a Turquia os assassinos do jornalista como prova de sua vontade de servir a justiça para o crime que haviam premeditado", disse o porta-voz da Presidência da Turquia, Fahrettin Altun. "A total falta de transparência sobre o caso é profundamente preocupante e prejudicial à credibilidade de Riad", acrescentou.