Le Pen tenta suavizar imagem após tensão eleitoral abalar mercados franceses
A líder de extrema-direita francesa Marine Le Pen, que reduziu a diferença para o presidente Emmanuel Macron nas pesquisas antes da eleição presidencial de domingo o suficiente para abalar os mercados financeiros, enfatizou nesta terça-feira o quão "sensata" ela é, conforme busca desintoxicar ainda mais sua imagem.
Le Pen, a quem Macron derrotou facilmente com dois terços dos votos há cinco anos, chegou tão perto na atual disputa que quem vencerá em um provável segundo turno em 24 de abril está agora dentro da margem de erro, mostrou uma pesquisa na segunda-feira.
Desde sua retumbante derrota em 2017, Le Pen trabalhou pacientemente para suavizar sua imagem, esforçando-se para aparecer como uma líder em potencial, em vez de uma oponente radical antiestablishment.
Pesquisas mostram que isso tem funcionado com um número crescente de eleitores. Um dos levantamentos apontou que a candidata outrora desacreditada se tornou a segunda autoridade política mais querida do país, algo há muito considerado impossível na França.
"Sempre tento ter a visão mais sensata possível e ser aquela que defende os interesses da França", disse Le Pen em entrevista à rádio France Inter na terça-feira, explicando suas opiniões sobre temas que vão da política externa às mudanças climáticas.
O índice CAC-40 da bolsa de Paris perdeu terreno abruptamente nesta terça-feira, com operadores citando nervosismo com as eleições, enquanto o spread entre os títulos de 10 anos da França e da Alemanha era o maior em dois anos.
Le Pen segue melhorando em pesquisa para o primeiro turno, obtendo 23% das intenções de voto contra 27% de Macron, que aparece apenas 6 pontos à frente dela no segundo turno, de acordo com pesquisa da OpinionWay e Kéa Partners para o jornal Les Echos e a rádio Classique.
A pesquisa também mostrou que 59% dos entrevistados esperavam que Macron ganhasse um segundo mandato -- que as pesquisas de opinião ainda apontam como o cenário mais provável.
Enquanto isso, as ações das empresas de infraestrutura de transporte Vinci e Eiffage também tiveram desempenho ruim, e os traders citaram preocupações sobre as propostas de Le Pen para nacionalizar estradas com pedágio.
"Os mercados acordaram com Le Pen", comentou Jérôme Legras, chefe de pesquisa da Axiom Alternative Investments.
Le Pen começou sua campanha cedo, com reuniões principalmente de pequena escala em cidades pequenas, em um momento em que os eleitores dizem que querem que os candidatos estejam próximos deles.
Ela apontou o dedo na terça-feira para o que tem preocupado cada vez mais alguns dos assessores de Macron - seu início tardio para uma campanha sem brilho, que até mesmo apoiadores em seu único grande comício pré-primeiro turno disseram ser decepcionante.
"Tenho feito campanha com seriedade, estou em campo há seis meses... outros optaram por não fazer campanha, inclusive o presidente da República", disse Le Pen.