Legionários de Cristo divulgam nomes de padres acusados de abusos
A Congregação Legionários de Cristo publicou nesta segunda-feira (22) um documento com os nomes de sacerdotes acusados de cometer abusos sexuais contra menores entre 1941 e 2020.
Batizado de "Relatório Anual de 2020. Verdade, Justiça e Cura", o texto apresenta estatísticas atualizadas sobre os casos na Congregação e informa que, no geral, o número total de religiosos culpados é de 27.
"Este número representa 2% dos 1.380 Legionários de Cristo que foram ordenados sacerdotes ao longo da história da Congregação".
Segundo o documento, não foram apresentadas denúncias contra sacerdotes por suposto abuso sexual de menores depois de 2016.
Na lista, muitos dos nomes aparecem codificados com números - dependendo do país em que ocorreu e do que a lei estabelece sobre sua divulgação -, mas muitos outros vieram à tona, como é o caso do fundador Marcial Maciel Degollado.
As vítimas conhecidas são cerca de 170 menores, sendo a maioria adolescentes do sexo masculino com idades entre 11 e 16 anos. Entre os menores abusados, cerca de 60 foram violados pelo mexicano Degollado.
Com pelo menos 50 dessas vítimas, foi realizado um caminho de reparação e reconciliação, com o desejo de abrir o mesmo caminho a todas as vítimas que o desejarem.
Ao todo, "dos 27 padres, três morreram sem passarem por um julgamento civil, dois foram condenados em um processo penal. Os demais, até agora, não foram processados por motivos diversos, como as legislações em vigor nos diversos países ou a prescrição dos atos cometidos".
Já em relação aos processos canônicos, do número total de padres, dois morreram sem julgamento, 16 foram sancionados, oito estão atualmente sob processo canônico e um recebeu dispensa do ministério.
De acordo com o relatório, foram registradas 17 denúncias de abuso sexual no México, oito nos Estados Unidos, seis na Espanha, quatro no Brasil, duas na Itália, duas no Chile e outras duas na região que inclui Colômbia, Venezuela e Equador.
Entre os nomes que aparecem na lista também estão o ex-padre espanhol Óscar Turrión, o americano Timothy Meehan, e o mexicano Vladimir Reséndiz, condenado a seis anos e meio de prisão por abusar de menores em um seminário no norte da Itália.
Os Legionários de Cristo sofrem "com toda a Congregação por causa da dor e o escândalo que alguns dos seus membros provocaram ao longo do tempo a quem sofreu algum abuso, à sua família e a toda a Igreja". E se sentem "comprometidos no caminho de pedido de perdão e da ativação de inúmeras iniciativas voltadas a proteger os menores e os adultos vulneráveis", diz um comunicado.
O relatório anual também resume as medidas tomadas para ajudar as vítimas e o desenvolvimento de ambientes seguros.
Ao longo de 2020, cientes de que "o abuso sexual de menores é uma das realidades traumáticas que mais intensa e profundamente afetam o ser humano", e que "o processo de recuperação, muitas vezes longo e difícil, exige um acompanhamento adequado, os Legionários de Cristo criaram uma colaboração internacional estável com uma instituição profissional e independente de assistência às vítimas.
A iniciativa foi batizada de "Eshmá" e é fundada por pessoas que foram vítimas de abuso sexual infantil, por terapeutas, assistentes sociais e juristas, além de especialistas em justiça restaurativa.
A instituição já começou a acompanhar algumas vítimas de membros da Congregação em diversos países e está oferecendo assistência permanente para o acolhimento e primeira escuta.
"Queremos trabalhar com responsabilidade na busca da verdade. É por isso que nos colocamos à disposição para ouvir outras eventuais vítimas que ainda não tiveram a oportunidade de denunciar o que sofreram nos anos passados", finaliza.