Liberdade de imprensa 'se deteriorou' na Itália, diz estudo
Conselho da Europa citou postura de vice-primeiros-ministros
Um relatório divulgado nesta terça-feira (12) pelo Conselho da Europa, sediado em Estrasburgo, na França, afirma que a liberdade de imprensa na Itália "claramente se deteriorou em 2018".
O estudo foi elaborado por uma plataforma para a proteção dos jornalistas e diz também que a liberdade de imprensa no continente nunca foi "tão frágil" desde o fim da Guerra Fria. Sobre a Itália, o Conselho da Europa alega que "a crescente violência contra os jornalistas é particularmente preocupante".
O país é um dos quatro que ganharam parágrafos exclusivos no relatório, assim como Turquia, Rússia e Hungria. Segundo o órgão, o número de episódios de violência na Itália relatados à plataforma em 2018 "triplicou" em relação ao ano anterior.
O Conselho da Europa diz que as ameaças contra jornalistas aumentaram após a "posse do novo governo", em 1º de junho de 2018. "Os dois vice-primeiros-ministros, Luigi Di Maio e Matteo Salvini, se exprimem frequentemente nas redes sociais por meio de uma retórica particularmente hostil à imprensa e aos jornalistas", afirma o estudo.
Turquia e Ucrânia, com 15 e 14 episódios, lideram a lista de casos reportados ao Conselho da Europa. Na sequência aparecem Itália e Rússia, com 13 cada uma. Países como Irlanda, Noruega, Portugal e Suécia não registram nenhum caso desde 2015, quando a plataforma foi criada.
"Salvini ameaçou tirar a escolta do jornalista Roberto Saviano, embora sejam conhecidas as ameaças de morte que ele recebeu de organizações criminosas. Di Maio insultou jornalistas [após a absolvição da prefeita de Roma, Virginia Raggi, em um julgamento por falso testemunho] e deu início a uma política para tirar fundos públicos da imprensa", afirma o relatório.