Líder da Lombardia recebe escolta policial diante de revolta com resposta à Covid-19
O governador da Lombardia, região do norte da Itália que é o epicentro do surto de coronavírus no país, disse nesta quarta-feira que terá escolta policial por causa das críticas crescentes à maneira como seu governo tem lidado com a crise da Covid-19.
A Lombardia, que é a região mais rica e populosa da nação e o motor da economia italiana, é uma das áreas mais afetadas do mundo pelo coronavírus, respondendo por cerca de metade das mais de 32 mil mortes da Itália.
O governo regional, controlado pelo partido anti-imigração Liga, do líder opositor Matteo Salvini, viu seus índices de aprovação despencarem em meio a ataques violentos à sua reação e a reformas no setor de saúde realizadas por gestões anteriores da Liga, que muitos dizem ter deixado a região mal preparada para enfrentar a epidemia.
O governador regional, Attilio Fontana, aliado próximo de Salvini, não deu detalhes sobre a escolta de segurança, mas disse que a decisão de acioná-la não foi a seu pedido, mas uma iniciativa das "autoridades relevantes".
"Lamento por minha família, que anda um pouco preocupada", disse ele em um comunicado. "Nos últimos dias, houve veneno demais".
"Infelizmente, isto é o resultado de mentiras ditas por certas forças políticas que envenenaram a atmosfera e atiçaram este clima perigoso de ódio".
A decisão de acionar a escolta no momento em que a Itália começa a relaxar as restrições do isolamento imposto quase três meses atrás sublinhou a revolta pública generalizada tanto com a administração da crise de saúde quanto com as medidas de isolamento.
Autoridades disseram que a ministra da Educação, Lucia Azzolina, e o vice-ministro da Saúde, Pierpaolo Sileri, também receberam escoltas de segurança nos últimos dias.
"Temos coletado dezenas e dezenas de ameaças nas redes sociais. Há muitas delas, e são parte deste clima de ódio", disse o advogado de Fontana, Jacopo Pensa, segundo citação do jornal de negócios Il Sole 24 Ore.
Agora que as pessoas estão saindo do isolamento, autoridades expressaram exasperação com o desrespeito generalizado às regras de distanciamento social em grandes centros como Milão, a principal cidade da Lombardia.