Líder da oposição venezuelana Machado é solta após breve detenção; governo nega envolvimento
A líder da oposição venezuelana María Corina Machado foi liberada nesta quinta-feira depois de ser brevemente detida em meio a tiros que foram disparados quando deixava um protesto no leste de Caracas, informou o movimento Vente Venezuela, do qual ela faz parte.
Protestos da oposição ocorreram em todo o país, em um esforço de última hora para pressionar o presidente Nicolás Maduro, antes da posse dele para seu terceiro mandato, que ocorrerá na sexta-feira.
Machado foi detida após fazer sua primeira aparição pública em meses, o que fez seu aliado, o ex-candidato presidencial Edmundo González, exigir sua libertação imediata. Vários governos condenaram o incidente.
Durante a prisão, Machado foi obrigada a gravar vários vídeos, afirmou o Vente Venezuela por meio de comunicado nas redes sociais, acrescentando que mais detalhes serão divulgados nas próximas horas.
Autoridades do governo, incluindo o ministro do Interior, Diosdado Cabello, disseram que a prisão foi fabricada pela oposição para gerar apoio para o seu movimento.
"Eles acabam com o absurdo do absurdo, dizendo que o governo prendeu María Corina", afirmou Cabello durante ato do partido governista em Caracas. Ele acusou a oposicionista de gravar os vídeos, que mostram ela sentada no meio-fio, dizendo que perdeu sua carteira durante a prisão.
Tanto a oposição quanto o partido governista reivindicam vitória na eleição presidencial do ano passado.
A autoridade eleitoral e a principal corte do país afirmam que Maduro venceu, embora nunca tenham publicado as atas com o total de votos.
O governo, que acusa a oposição de fomentar planos fascistas contra a administração, diz que vai prender González caso ele volte ao país e tem detido importantes membros da oposição e ativistas antes da posse.
González, que tem 75 anos, está fazendo uma viagem pelas Américas nesta semana, encontrando-se com o presidente norte-americano, Joe Biden, e com o conselheiro de Segurança Nacional do presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Machado, que tem 57 anos, pediu aos manifestantes que enchessem as ruas pacificamente, pedindo repetidamente a membros da polícia e das Forças Armadas que apoiassem a vitória de González.
"Seja lá o que forem fazer, amanhã eles vão finalmente se enterrar", afirmou ela durante o protesto. "Que ninguém tenha dúvidas: o que fizerem amanhã marcará o fim do regime."
Testemunhas da Reuters estimaram cerca de 7 mil pessoas no protesto em Caracas. Nos dias posteriores à eleição, milhares também foram às ruas.
"Não tenho medo. O perdi há muito tempo", afirmou Neglis Payares, que tem 70 anos e já trabalhou no banco central do país.
Maduro, de 62 anos, está no poder desde 2013. Ele tem o apoio firme de líderes das Forças Armadas e dos serviços de inteligência, que são comandados por aliados próximos de Cabello.