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Líder do Hezbollah diz que ataques a Israel foram 'corretos, sábios e justos', mas '100% palestinos'

Grupo libanês aliado do Hamas intensificou os seus ataques a Israel, que está retaliando. Mas ambos os lados parecem tomar medidas para evitar uma escalada perigosa.

3 nov 2023 - 14h09
(atualizado às 15h45)
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Hassan Nasrallah não é visto em público há anos
Hassan Nasrallah não é visto em público há anos
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O líder do grupo islâmico Hezbollah, a força política e militar mais poderosa do Líbano, elogiou, nesta sexta-feira (03/11), os ataques do grupo Hamas a Israel em 7 de outubro, nos quais 1.400 pessoas foram mortas e outras 200 sequestradas.

Foram os primeiros comentários públicos dele desde o início da guerra Israel-Hamas.

Foi justamente após os ataques do início de outubro que o conflito entre Israel e Hamas escalou de forma intensa, o que já causou a morte de mais de 9.200 pessoas em Gaza, segundo o governo de Gaza, controlado pelo Hamas.

Hassan Nasrallah disse que as ações do Hamas - que, como o Hezbollah, é considerada uma organização terrorista pelos governos do Reino Unido, dos EUA e de outros países - foram "corretas, sábias e justas", mas descreveu os ataques a Israel como "100% palestinos".

Ainda no discurso, feito em um local secreto e transmitido para milhares de pessoas na capital do Líbano, ele criticou os Estados Unidos, dizendo que o país era o responsável pelo conflito em Gaza.

Nasrallah também agradeceu às forças apoiadas pelo Irã no Iêmen e no Iraque. Os rebeldes Houthi no Iêmen têm disparado drones contra Israel, enquanto as milícias xiitas iraquianas têm atacado as forças dos EUA no Iraque e na Síria.

O Irã apoia o chamado Eixo da Resistência, uma aliança que inclui o Hezbollah - a sua força mais importante - e as milícias no Iraque, o Presidente da Síria, Bashar al-Assad, os Houthis e o Hamas.

Civis libaneses dizem que suas casas foram atingidas por Israel em resposta aos foguetes do Hezbollah
Civis libaneses dizem que suas casas foram atingidas por Israel em resposta aos foguetes do Hezbollah
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O papel do Hezbollah no conflito

Desde o ataque do Hamas a Israel, o Líbano tem estado atento ao Hezbollah.

O grupo intensificou os seus ataques a Israel, que está retaliando essas ações. Mas ambos os lados aparentemente tomaram medidas para evitar uma escalada perigosa e a maioria dos ataques se limitou à zona fronteiriça.

Mas Israel avança com a sua invasão terrestre e o Hamas tem repetidas vezes apelado aos aliados para que se juntem à luta. Muitos questionam se o Hezbollah responderá a esses apelos, mas ao menos por enquanto é algo incerto.

O Hezbollah - que, tal como o Hamas, é considerado uma organização terrorista pelo Reino Unido, pelos EUA e outros - é a maior força política e militar no Líbano. Isso significa que as decisões do grupo repercutem muito além da sua base de apoio.

O paradeiro de Nasrallah, como sempre, permanece um mistério.

O discurso desta sexta foi transmitido em exibições públicas organizadas pelo grupo em todo o país e foi considerado pelo Hezbollah como um momento importante. Eles tomaram a atitude incomum de anunciá-lo com cinco dias de antecedência e, no início desta semana, lançaram vídeos curtos e dramáticos com Nasrallah.

Muitos no Líbano ainda se lembram da guerra devastadora que o Hezbollah travou contra Israel, que durou um mês, em 2006, e temem que o grupo possa arrastar o país para outro conflito.

Um dos objetivos do Hezbollah é a destruição de Israel, que vê o grupo como um inimigo mais forte do que o Hamas.

O Hezbollah possui um vasto arsenal de armas que inclui mísseis guiados com precisão que podem afetar intensamente o território israelense e dezenas de milhares de combatentes bem treinados e experientes em batalha.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu uma resposta de magnitude "inimaginável" se o Hezbollah abrir uma segunda frente no conflito. E os EUA, que alegadamente instaram Israel a não lançar um ataque em grande escala contra o grupo, enviaram dois porta-aviões para o Mediterrâneo Oriental para evitar a propagação do conflito.

Uma guerra em grande escala seria desastrosa para o Líbano e há pouco apoio público para ela fora dos seguidores do Hezbollah. Há anos, o país sofre com a crise econômica, e um impasse político deixou o país sem um governo que funcione adequadamente.

Outro cenário - talvez o mais provável, dizem alguns analistas - é um aumento dos ataques do grupo, sinalizando uma resposta aos apelos do Hamas, mas mantendo ao mesmo tempo os combates limitados ao norte de Israel.

A administração de Joe Biden, nos EUA, também está, publicamente e por meio de canais secretos, alertando o Irã contra a escalada da situação.

Não está clara a influência direta do Irã nesses grupos aliados, mas é improvável que haja qualquer decisão dos demais sem a aprovação do governo iraniano.

No domingo, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, disse que os "crimes de Israel ultrapassaram os limites, o que pode forçar todos a agir". Os Estados Unidos, acrescentou, "pedem que não façamos nada, mas continuam dando amplo apoio a Israel".

Uma fonte próxima do Hezbollah disse à BBC, sob condição de anonimato, na semana passada, que Nasrallah - que é conhecido pelos seus furiosos discursos anti-israelenses e antiamericanos - monitora de perto a situação.

"O Hezbollah está acompanhando todos os detalhes", disse a fonte. "Eles fazem cálculos o tempo todo."

*Com informações de Hugo Bachega, correspondente da BBC no Oriente Médio

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