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Líderes australianos comemoram liberdade de Assange, mas oposição diz que ele não é mártir

27 jun 2024 - 09h40
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Julian Assange passou sua primeira noite em 14 anos como um homem livre em casa, na Austrália, enquanto a oposição conservadora advertia o governo contra a ideia de saudar o fundador do WikiLeaks como um herói.

Assange desembarcou na Austrália para uma recepção calorosa na noite de quarta-feira, depois de se declarar culpado de violar a Lei de Espionagem dos Estados Unidos. Ele foi então libertado por um tribunal dos EUA na remota ilha de Saipan, no Pacífico, após ter cumprido mais de cinco anos em uma prisão britânica de alta segurança.

Sua esposa, Stella Assange, disse que era muito cedo para dizer o que seu marido faria em seguida e pediu privacidade para ele.

"Julian planeja nadar no oceano todos os dias. Ele planeja dormir em uma cama de verdade. Ele planeja saborear comida de verdade e planeja desfrutar de sua liberdade", afirmou ela aos repórteres nesta quinta-feira.

Os apoiadores de Assange e os defensores da liberdade de expressão o veem como uma vítima porque ele expôs irregularidades e possíveis crimes dos EUA, inclusive nos conflitos no Afeganistão e no Iraque, quando o WikiLeaks publicou milhares de documentos militares confidenciais e telegramas diplomáticos em 2010.

Entretanto, o governo dos EUA há muito tempo afirma que suas ações foram imprudentes e que, ao publicar os nomes de fontes do governo, ele colocou a vida de agentes em risco.

Assange não se pronunciou publicamente desde que foi libertado. Durante a noite, um juiz do Estado norte-americano da Virgínia descartou formalmente todas as acusações pendentes contra ele.

Parlamentares australianos pediram a libertação de Assange por vários anos, e seu caso foi um raro ponto de tensão nas relações bilaterais com os Estados Unidos.

"Já há algum tempo, o encarceramento de Julian Assange era um espinho no relacionamento, era apenas uma questão marginal", disse o parlamentar independente Andrew Wilkie, copresidente de um comitê parlamentar que defendia a libertação de Assange.

"Isso já foi resolvido e, portanto, vejo motivos para ser muito otimista sobre o relacionamento bilateral. Esse espinho foi retirado", afirmou ele aos repórteres.

Assange, que se escondeu na embaixada do Equador em Londres por sete anos antes de ser preso, lutou contra a extradição para a Suécia por alegações de agressão sexual, bem como para os EUA, onde enfrentava 18 acusações criminais relacionadas à divulgação dos documentos confidenciais dos EUA pelo WikiLeaks.

NÃO É MÁRTIR

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que apoiou a libertação de Assange anos antes de assumir o cargo em 2022, deu-lhe as boas-vindas em um telefonema. Ele disse que "teve uma conversa muito calorosa" com Assange.

No entanto, a oposição conservadora levantou preocupações sobre a possibilidade de retratar Assange como um herói depois que ele passou mais de uma década tentando evitar ser processado e depois se declarou culpado de uma acusação criminal de conspirar para obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional.

O líder da oposição no Senado, Simon Birmingham, saudou a libertação de Assange, mas disse que o fundador do WikiLeaks não era "nenhum mártir" pelo vazamento em massa de dados.

"Não foi um ato de jornalismo. Não se tratava de documentos editados ou com curadoria. Foi simplesmente um despejo de dados, um despejo de dados de um vazamento e um despejo de dados que trouxe consequências para os EUA em termos de como eles gerenciavam suas operações e autoridades por causa dos riscos de segurança que foram criados", declarou ele à Reuters em uma entrevista.

Ele advertiu Albanese a não se encontrar com Assange e disse que a comemoração de sua libertação provavelmente causaria inquietação entre alguns membros do Congresso dos EUA.

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