Líderes da UE isolam Orbán para selar acordo de ajuda à Ucrânia
Por Julia Payne, Jan Strupczewski e Sabine Siebold
BRUXELAS, 1 Fev (Reuters) - Para obrigar o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, a encerrar o seu bloqueio a um pacote de auxílio de 50 bilhões de euros para a Ucrânia, líderes europeus se juntaram para transmitir uma dura mensagem a ele: desta vez você está sozinho.
O veterano líder, que mantém laços próximos com Moscou mesmo após a invasão da Ucrânia, foi adepto de obter apoio suficiente entre seus pares como moeda de troca para conduzir difíceis negociações com a União Europeia. Contudo, nos dias a horas anteriores ao encontro especial em Bruxelas, os líderes disseram a Orbán — individual e coletivamente — que os outros 26 membros do bloco apoiam o acordo, e que ele sofreria consequências caso continuasse a obstruí-lo, disseram diplomatas e autoridades da UE.
Mensagens parecidas vieram do chanceler alemão, Olaf Scholz; do presidente francês, Emmanuel Macron; e, mais importante, da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, aliada ideológica do populista Orbán.
"Trabalhei para tentar nos trazer a um ponto no qual não possamos dividir a Europa em um momento como este", afirmou ela.
Antes da cúpula, diplomatas e autoridades aumentaram a pressão divulgando, de forma anônima e com vazamentos, as consequências que a Hungria poderia sofrer, como prejuízos à economia e um congelamento do direito de Budapeste de votar em decisões da UE.
"Estamos trabalhando há uma semana com um grupo crescente de países para formar uma posição clara", afirmou o premiê polonês, Donald Tusk. "Fomos feitos para ser 27, a comunidade toda, e ninguém pagará ninguém por um acordo. Não haverá recompensas e ninguém estará à procura de compromissos podres."
Com a união contra ele, Orbán foi obrigado a abandonar exigências como a de que o pacote de quatro anos não deveria sair do orçamento coletivo do bloco e de que ele teria o direito anual de bloquear o acordo. Diplomatas também afirmaram que ele não recebeu garantias de que a UE liberaria fundos congelados por preocupações sobre o Estado de Direito no país.