Líderes do Congresso chileno boicotarão almoço com Bolsonaro
Presidente visitará o país andino entre os dias 21 e 23 de março
Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado do Chile decidiram boicotar o almoço que será oferecido pelo mandatário do país, Sebastián Piñera, a Jair Bolsonaro no próximo sábado (23).
Após sua primeira viagem oficial aos Estados Unidos, o capitão reformado embarca para Santiago nesta quinta (21), para uma visita que já levanta polêmicas no país andino. No próximo sábado, Piñera oferecerá um almoço a Bolsonaro no Palácio de La Moneda e chamou as principais autoridades políticas do Chile, mas algumas delas recusaram o convite.
"Não estarei sábado em La Moneda por uma convicção política e também porque tenho uma agenda regional já confirmada", disse o presidente do Senado chileno, Jaime Quintana, membro do Partido para a Democracia (PPD), de centro-esquerda, ao jornal La Tercera.
Seu vice, Alfonso De Urresti, do Partido Socialista, o mesmo da ex-presidente Michelle Bachelet, disse que também não participará do encontro e que Bolsonaro é um "perigo para a democracia no Brasil e na região". "É um ultradireitista que pode provocar muito dano. Meu gesto é de desagravo a Bolsonaro, não ao povo brasileiro", justificou.
O boicote também tem a adesão do presidente da Câmara, Iván Flores, do Partido Democrata Cristão (PDC), de oposição a Piñera. "Eu não ignoro o que significa a representação institucional, mas também entendo que, em nosso caso e no do presidente Bolsonaro, cada vez que alguém fala, emite sinais, e alguns sinais que ele deu não são, em nossa visão, os que esperaríamos de um chefe de Estado", declarou.
Flores, por outro lado, garantiu presença em um jantar com Fabiana Rosales, esposa do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó. "Não vou dar sinais em nada que tenha a ver com apoiar a ditadura do presidente Maduro", disse.
Vlado Mirosevic, membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e integrante do Partido Liberal, de oposição, também não almoçará com Bolsonaro. "Recebi o convite de La Moneda para a recepção do presidente do Brasil, mas me neguei a participar. Considero Bolsonaro um líder perigoso para os valores republicanos. Fez da discriminação e do ódio sua política. Constitui um dano à democracia. Mau exemplo para o Chile", escreveu o deputado em suas redes sociais.
Bolsonaro ficará no Chile entre 21 e 23 de março, e sua agenda prevê encontros com empresários e autoridades, além da participação em uma cúpula do "Prosul", novo fórum regional de países da América do Sul.
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