Script = https://s1.trrsf.com/update-1738077909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Sobreviventes de Auschwitz alertam sobre o aumento do antissemitismo no 80º aniversário da libertação do campo

27 jan 2025 - 11h34
(atualizado às 20h28)
Compartilhar
Exibir comentários

Sobreviventes de Auschwitz alertaram sobre os perigos do aumento do antissemitismo nesta segunda-feira, ao marcarem o 80º aniversário da libertação do campo de extermínio da Alemanha nazista pelas tropas soviéticas, em uma das últimas reuniões daqueles que vivenciaram seus horrores.

A cerimônia no local do campo, que a Alemanha nazista montou na Polônia ocupada durante a Segunda Guerra Mundial para assassinar judeus europeus, contou com presença do chanceler alemão Olaf Scholz, do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, do rei britânico Charles, do presidente francês Emmanuel Macron, do presidente polonês Andrzej Duda e de muitos outros líderes.

Eles não tinham a intenção de fazer discursos, mas sim de ouvir, talvez pela última vez, aqueles que sofreram e testemunharam uma das maiores atrocidades da humanidade.

Israel, fundado por judeus à sombra do Holocausto, enviou o ministro da Educação Yoav Kisch.

"Vemos no mundo moderno de hoje um grande aumento do antissemitismo, e foi o antissemitismo que levou ao Holocausto", disse Marian Turski, de 98 anos, que foi enviado a Auschwitz em 1944 e sobreviveu à "marcha da morte" para Buchenwald em 1945.

"Não vamos ter medo de nos convencer de que podemos resolver problemas entre vizinhos."

SOBREVIVENTES DIZEM QUE ANTISSEMITISMO ESTÁ SE ESPALHANDO MAIS UMA VEZ

O médico aposentado Leon Weintraub, de 99 anos, que foi separado de sua família e enviado para Auschwitz em 1944, alertou sobre os perigos da intolerância.

"Peço que multipliquem seus esforços para combater os pontos de vista cujos efeitos estamos lembrando hoje", disse ele.

A escritora e acadêmica Tova Friedman, de 86 anos, disse que "80 anos após a libertação, o mundo está novamente em crise".

"Nossos valores judaico-cristãos foram ofuscados em todo o mundo pelo preconceito, medo, suspeita e extremismo", disse ela, "e o antissemitismo desenfreado que está se espalhando entre as nações é chocante".

Incidentes antissemitas aumentaram em parte junto com os protestos contra Israel em muitas partes da Europa, América do Norte e Austrália desde que Israel lançou seu ataque ao enclave palestino de Gaza após ataques a Israel por militantes do Hamas em 7 de outubro de 2023.

Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, disse nesta segunda-feira que o ódio aos judeus estava aumentando no contexto dessa guerra, acrescentando: "Os jovens estão obtendo a maior parte de suas informações nas mídias sociais, e isso é perigoso".

Antes da cerimônia, que ocorreu em uma tenda construída sobre o portão do antigo campo de Auschwitz II-Birkenau, os líderes enfatizaram a importância de preservar a memória do Holocausto.

"O ato de lembrar os males do passado continua sendo uma tarefa vital e, ao fazê-lo, informamos nosso presente e moldamos nosso futuro", disse o rei Charles durante uma visita ao Centro Comunitário Judaico em Cracóvia.

O presidente Duda disse aos repórteres no campo que "nós, poloneses, em cujas terras os alemães construíram esse campo de concentração, somos hoje os guardiões da memória".

A lembrança dos crimes cometidos em nome das noções nazistas de superioridade racial tornou-se uma questão política aguda nos últimos anos com a ascensão dos partidos de extrema-direita em toda a Europa.

MUSK REJEITA CULPA HISTÓRICA PELOS PECADOS DO PASSADO

No sábado, o bilionário Elon Musk, conselheiro de alto nível do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um discurso em vídeo para os apoiadores do AfD (Alternativa para a Alemanha), que está em segundo lugar nas pesquisas para a eleição de 23 de fevereiro, em uma plataforma que inclui a minimização da culpa histórica pelo Holocausto.

"As crianças não devem ser culpadas pelos pecados de seus pais, muito menos de seus bisavós", disse Musk, que depositou uma coroa de flores em Auschwitz há um ano.

O comício levou o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, a dizer que "as palavras que ouvimos dos principais atores da reunião da AfD sobre a 'Grande Alemanha' e 'a necessidade de esquecer a culpa alemã pelos crimes nazistas' soaram muito familiares e ameaçadoras".

Mais de 1,1 milhão de pessoas, a maioria judeus, morreram em câmaras de gás ou de fome, frio e doenças em Auschwitz, para onde a maioria foi levada em vagões de carga, como gado.

Mais de 3 milhões dos 3,2 milhões de judeus da Polônia foram assassinados pelos nazistas.

No total, entre 1941 e 1945, a Alemanha nazista e seus colaboradores assassinaram sistematicamente seis milhões de judeus em toda a Europa ocupada pelos alemães, além de ciganos, minorias sexuais, pessoas com deficiência e outros que ofendiam as ideias nazistas de superioridade racial.

Pawel Sawicki, porta-voz do Museu e Memorial de Auschwitz-Birkenau, disse que os políticos não fariam discursos nesta segunda-feira.

"Está claro para todos nós que este é o último aniversário marcante em que podemos ter um grupo de sobreviventes que podem estar presentes no local", afirmou ele.

"Daqui a 10 anos, isso não acontecerá e, enquanto pudermos, devemos ouvir as vozes dos sobreviventes, seus testemunhos, suas histórias pessoais. Isso é algo de enorme importância quando falamos sobre como a memória de Auschwitz é moldada."

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade