Lila e Lenù apoiariam protestos no Irã, diz Ferrante
Escritora italiana deu entrevista sobre revolta no país persa
A escritora italiana Elena Ferrante afirmou que Lila e Lenù, protagonistas de sua célebre tetralogia napolitana, sairiam às ruas para protestar em defesa das mulheres no Irã, país chacoalhado por uma onda de protestos após a morte da jovem Mahsa Amini sob custódia da polícia da moralidade.
"Lila certamente estaria na linha de frente, e Lenù, para estar junto, para não perder nada, a seguiria até a prisão, até a morte", declarou a misteriosa autora em entrevista ao jornal britânico The Guardian, conduzida pela jornalista iraniana Shiva Akhavan Rad.
Durante a conversa, a repórter disse ter notado muitas analogias entre o Irã patriarcal e repressivo da atualidade e a sociedade italiana relatada por Ferrante na história de Lila e Lenù. "Quanto a mim", acrescentou a escritora, "me envergonharia de fazer afirmações" por estar "distante e em um lugar seguro".
"Mas acompanho há semanas o que está acontecendo. A repressão é terrível, mas é maravilhoso que pessoas tão diversas estejam lado a lado e resistam", salientou. De acordo com Ferrante, os cidadãos devem "incutir medo em governantes repressivos".
"Se eu estivesse ali, estaria nas ruas, como Lila, com paixão e raiva, mas também como Lenù, por dever, por necessidade de ver, de entender, de tentar descrever", disse.
O país persa vem sendo chacoalhado desde setembro por uma revolta popular por conta da morte de Mahsa Amini, assassinada enquanto estava sob custódia da polícia por ter usado o véu islâmico de forma incorreta.
Segundo a ONU, o regime dos aiatolás já prendeu mais de 14 mil pessoas durante as manifestações.