Lula critica 'omissões' do Conselho de Segurança no G20
'Comunidade internacional parece navegar sem rumo', disse
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta segunda-feira (18) a reforma dos organismos de governança global para garantir a estabilidade mundial e disse que as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza são reflexo da "omissão" do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
As declarações foram dadas na abertura da segunda sessão da reunião de líderes do G20, no Rio de Janeiro, que tem como tema a modernização dos organismos multilaterais.
Em seu discurso, Lula destacou que, após a crise de 2008, o mundo "escolheu salvar os bancos ao invés das pessoas" e "priorizou economias centrais em vez de apoiar países em desenvolvimento", de forma que "a riqueza gerada não voltou aos mais necessitados".
"Não é surpresa que a desigualdade fomente ódio, extremismo e violência nem que a democracia esteja sob ameaça", declarou o presidente, acrescentando que "a globalização neoliberal fracassou".
"A comunidade internacional parece resignada a navegar sem rumo por disputas hegemônicas. Permanecemos à deriva como se arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia", salientou.
Segundo Lula, a reforma da governança global "entrou em definitivo" para a agenda do G20, e "não há ninguém em melhor posição" do que o grupo para "mudar o curso da humanidade".
O presidente ainda afirmou que a "omissão" do Conselho de Segurança da ONU é uma "ameaça para a paz e a segurança internacional" e que o órgão é "refém do uso indiscriminado do poder de veto" por parte dos cinco membros permanentes (China, EUA, França, Rússia e Reino Unido).
"Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia a Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada", destacou o petista, ressaltando que "a diplomacia vem perdendo terreno para a intransigência".
"A estabilidade mundial depende de instituições mais representativas. O futuro será multipolar, e aceitar essa realidade pavimenta o caminho para a paz. Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional precisa. Não podemos deixar que o medo de dialogar cresça", disse. .